A aldeia de Belém do Solimões está em festa com o 11º Festival de Cultura Indígena do Eware, reunindo os povos Ticuna e Kokama do Brasil e da Colômbia. Este evento, marcado pela participação de diversas instituições nacionais e internacionais, representa um marco na valorização das tradições, na defesa dos territórios e na promoção dos direitos indígenas.
A Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM) marcou presença como parte da Mobilização dos Povos pela Terra e pelo Clima rumo à COP30, contribuindo para debates e fortalecendo alianças estratégicas. Arlete Gomes, coordenadora de projetos da Mobilização dos Povos pela Terra e pelo Clima da REPAM e articuladora da REPAM-Brasil, participou do festival e destacou sua importância:
“O festival está sendo um momento emocionante de fortalecimento da identidade cultural indígena. Cada etnia dança com suas próprias pinturas e entoa hinos pela preservação dos igarapés, dos peixes e da floresta.”
O evento é aguardado com grande expectativa pela comunidade Ticuna de diversas localidades, que viajam por dias para participar. A celebração é marcada por danças, pinturas corporais e competições culturais que promovem uma união fraterna entre os povos. Além disso, o festival tem caráter transfronteiriço, unindo indígenas do Brasil, Peru e Colômbia em uma manifestação de resistência e unidade.
Um Espaço de Diálogo e Denúncia
Paralelamente ao festival, ocorreu a 8ª Assembleia Geral das Cacicas e Caciques do Eware I, Eware II e Feijoal, onde foram discutidas questões cruciais para os povos indígenas da região. O encontro respondeu às novas solicitações do Ministério Público Federal (MPF), levantando preocupações sobre o abandono da região e invasões territoriais constantes.
O encontro também proporcionou a oportunidade de discutir ações de mobilização e incidência para a Conferência do Clima em 2025. A Mobilização dos Povos pela Terra e pelo Clima rumo à COP30, surge da necessidade urgente de estimular e apoiar todas as formas de luta, desde reuniões até marchas, implementando soluções e escutando os povos para fortalecer os territórios.
As lideranças reforçaram a urgência de medidas de segurança, exigindo a presença do IBAMA e das forças policiais para proteger as aldeias. O apelo por proteção foi enfático:
“PRECISAMOS URGENTEMENTE da ajuda do IBAMA e da POLÍCIA em nossas ALDEIAS, pois enfrentamos perigos e ameaças constantes pela falta de SEGURANÇA! Por favor, nos escutem!”
Compromisso com a Ecologia e o Futuro
Sob o tema “Água e Mudanças Climáticas”, o festival também sediou diversas oficinas educativas focadas na preservação ambiental e na busca por soluções para os desafios climáticos. Entre as atividades destacam-se:
- Oficina sobre uso consciente da água e reaproveitamento de garrafas plásticas (COSAMA);
- Reutilização de materiais descartáveis e recicláveis (FIU – Universidade da Flórida e UFAM);
- Produção de mudas e viveiros para reflorestamento (IDAM);
- Encontros com anciãos sobre o sagrado das águas e a conexão espiritual com a natureza.
Na noite cultural, as comunidades Ticuna apresentaram danças e cantos que alertam sobre os impactos das mudanças climáticas:
“O calor aumenta, a água escasseia, os peixes morrem e a floresta arde!”
O festival reafirma a resiliência dos povos indígenas na defesa de seus territórios, na preservação de sua cultura e na luta por seus direitos. A REPAM-Brasil continua ao lado dessas comunidades, fortalecendo o diálogo e a articulação em prol da justiça socioambiental.
A Mobilização reforça o papel da REPAM como articuladora de ações transformadoras, conectando movimentos sociais e destacando a urgência de soluções concretas para desafios climáticos e sociais. Esta experiência fortalece o caminho para a COP30, que promete ser um espaço para consolidar propostas que unam economia verde, justiça social e sustentabilidade.
A REPAM-Brasil desempenha um papel central na Cúpula dos Povos, liderando a Mobilização dos Povos pela Terra e pelo Clima como parte dos preparativos para a COP30 em Belém, PA. Sua articulação é fundamental para integrar vozes diversas e comprometidas com uma transição sustentável e a proteção da Amazônia.
Que esta celebração inspire novas alianças e mobilizações em defesa da Amazônia e de seus povos originários!