Nesta sexta-feira (28), foi realizada uma formação especial sobre a COP30, promovida pela Mobilização dos Povos pela Terra e pelo Clima — articulação da REPAM rumo à COP30 — em parceria com o Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu. O encontro reuniu mais de 45 participantes, com atenção especial aos territórios e à atuação das mulheres quebradeiras de coco babaçu, reforçando o protagonismo feminino na defesa da Amazônia e na valorização dos modos de vida tradicionais.
A abertura do encontro foi marcada por versos que ecoam a luta das mulheres trabalhadoras e sua relação com o território. Edsonete Moura iniciou a atividade com uma afirmação da identidade das quebradeiras de coco:
“Eu sou mulher trabalhadeira, eu também sou brasileira, faço parte da nação. Estou cansada de viver no sofrimento, não suporto, não aguento, preciso ter liberdade.”
Com essas palavras, teve início um espaço de formação e qualificação, reforçando a continuidade da luta das mulheres quebradeiras de coco pela garantia de direitos e pela defesa da Amazônia.
Joana Menezes, da REPAM, destacou o papel da Rede Eclesial Pan-Amazônica na proteção da vida e dos povos da floresta e das águas. Segundo ela, a mobilização é um processo contínuo de articulação e fortalecimento das lutas nos territórios. “Essa rede que estamos tecendo é fundamental, sobretudo neste momento em que a luta coletiva tem se fortalecido”, enfatizou.
Ela também ressaltou a importância da unificação das vozes para a conquista de direitos, citando o exemplo recente da ocupação da Seduq por movimentos sociais: “É um exemplo do que se torna vitorioso quando nos unimos na nossa diversidade”.
COP30: O que está em jogo?
A jornalista Mayara Lima provocou uma reflexão crítica sobre a COP30 e sua relevância em escala global. Ela ressaltou que a Conferência do Clima não deve ser encarada como um evento festivo, mas sim como um espaço de debate sério e decisivo sobre o futuro do planeta.:
“É um evento climático que acontece desde 1995, reunindo mais de 195 países para encontrar soluções para a crise climática. Precisamos ter consciência da seriedade desse evento para evitar que ele seja utilizado para autopromoção política”, destacou Mayara Lima, da Comunicação da Mobilização dos Povos pela Terra e pelo Clima.
Mayara reforçou ainda, a necessidade de incidência antes, durante e depois da COP30, explicando que, quando os países chegarem ao Brasil, em novembro, suas metas já estarão definidas. “Nosso trabalho de mobilização precisa ser constante. A luta pelo clima não pode acontecer apenas durante o evento”.
O encontro também abordou a importância da participação ativa das comunidades tradicionais nas discussões climáticas. “Não inserir esses povos no debate já é um erro desde o início”, afirmou Mayara. Ela ressaltou que a luta pela Amazônia é uma luta pela humanidade e citou a célebre frase de Chico Mendes:
“No começo, pensei que estivesse lutando para salvar seringueiras. Depois, pensei que estava lutando para salvar a floresta amazônica. Agora percebo que estou lutando pela humanidade.”
Como parte dos esforços para democratizar o acesso à informação, a REPAM lançou a cartilha “ABC das COPs”, um material acessível para que comunidades tradicionais possam entender e participar ativamente das discussões climáticas.
A formação foi um espaço essencial para fortalecer o entendimento sobre a COP30 e preparar as quebradeiras de coco babaçu para incidirem nas discussões climáticas. O encontro reafirmou a importância da organização coletiva e da participação ativa dos povos da Amazônia na defesa do meio ambiente e dos direitos territoriais.
Carla Pinheiro, participante da formação encerrou o evento destacando a relevância da formação e a necessidade de manter essa articulação viva:
“Este é um momento fundamental para fortalecer as vozes das mulheres na luta pelo clima e pelos territórios. A mobilização precisa continuar antes, durante e depois da COP30, garantindo que as vozes dos povos da floresta sejam ouvidas e respeitadas no cenário global.”