Encontro na Comunidade Alegria fortalece vozes dos territórios na luta por justiça climática e soberania dos povos
A Repam Brasil, por meio do projeto Mobilização dos Povos pela Terra e pelo Clima, realizou no dia 1º de junho uma oficina na comunidade Alegria, no município de Timbiras (MA). A atividade reuniu cerca de 40 trabalhadores e trabalhadoras de assentamentos locais com o objetivo de construir uma carta compromisso, expressando as principais demandas e denúncias do território. O documento será levado como instrumento de incidência rumo à COP30, que acontece em 2025, em Belém (PA).
A maioria dos participantes era composta por mulheres, que denunciaram os impactos da pulverização aérea de agrotóxicos nos igarapés da região. “O alimento fica comprometido, os peixes morrem, os peixes são afetados e, consequentemente, a comunidade”, registrou a carta produzida coletivamente durante a roda de conversa.
Uma metodologia de diálogo e pertencimento
A atividade seguiu a metodologia das rodas de conversa adotada pela Repam, que prioriza a escuta ativa, o diálogo horizontal e a valorização dos saberes populares. As oficinas são realizadas diretamente nas comunidades, com linguagens acessíveis e acolhimento das experiências locais — inclusive por meio da produção de desenhos que ilustram os principais desafios e sonhos dos povos.
“Estamos indo até o interior do interior das dioceses. Sentamos com os agricultores, comemos juntos, ouvimos as preocupações e elaboramos, com eles, as cartas que traduzem seus clamores e sonhos”, afirma Arlete Gomes, coordenadora de projetos da Repam Brasil. “É debaixo das árvores, nos lugares de encontro das águas, que nascem essas propostas que dialogam com temas globais como a fome e as mudanças climáticas.”
Esse processo também reconhece e valoriza as potencialidades dos territórios, além de evidenciar os conflitos socioambientais. “As rodas de conversa têm sido uma alternativa fundamental para que possamos ouvir não apenas os problemas, mas também as forças e iniciativas que resistem no cotidiano das comunidades”, completa Arlete.
Territórios com história, luta e futuro
A Comunidade Alegria está localizada em um território que já foi marcado pela escravidão e pelo controle dos fazendeiros. Hoje, os moradores protagonizam um processo de reconstrução da autonomia, com produção agrícola local, comércio de produtos e fortalecimento da economia popular.
“Foi muito impactante estar reunida com o povo em um território que era cativeiro e hoje é espaço de liberdade e reconstrução. Esse é o sentido da Mobilização dos Povos: escutar, dialogar e construir junto com quem vive os efeitos diretos das mudanças climáticas”, reflete Arlete Gomes.
Do território para os espaços de decisão
Ao final da atividade, a comunidade expressou gratidão pela escuta e pela construção conjunta da carta compromisso, que agora se soma a outras cartas produzidas pela Mobilização em diferentes territórios amazônicos. A expectativa é que esses documentos sirvam como ferramentas políticas e simbólicas para levar a voz das comunidades aos espaços de debate da COP30 e além.
