Nos dias 13 e 14 de março, a Aldeia Akamassyrón, em São Domingos do Araguaia-PA, foi palco do inspirador 3º Encontro das Mulheres Indígenas Aikewara, com o tema “Resistência por sua Ancestralidade Cultural” . O evento reuniu lideranças, anciãs e jovens indígenas para discutir a preservação da cultura Aikewara e os desafios na defesa dos territórios.
A Mobilização dos Povos pela Terra e pelo Clima acompanhou o encontro como parte de sua atuação no fortalecimento das vozes indígenas em processos de incidência política. Durante a programação, Joana Menezes, articuladora da REPAM, e Vanalda Araújo, da REPAM Marabá , promoveram um debate fundamental sobre as estratégias de participação dos povos indígenas na COP 30 e a construção da Cúpula dos Povos .
“A luta das mulheres indígenas é um pilar fundamental na defesa dos territórios e na preservação da cultura. A participação na COP 30 precisa refletir essa força, garantindo que as vozes indígenas sejam vigiadas e que seus direitos sejam respeitados” , afirmou Joana Menezes.
Além das discussões sobre participação política, o encontro abordou temas como os impactos da mineração sobre os territórios indígenas, o acesso a políticas públicas e a preocupação crescente com a violência contra as mulheres. A programação também incluiu apresentações culturais e momentos de partilha entre as diferentes etnias presentes.
Mulheres Indígenas Rumo à COP 30
Para as participantes, o encontro foi um momento de fortalecer a resistência e reafirmar a necessidade de garantir espaço para as mulheres indígenas nos grandes debates globais. “Os governos negociam nossos territórios, mas eles são sagrados para nós. Escutar a mulher Aikawara Suruí nesse contexto é essencial. Precisamos de nossas forças, passar nosso conhecimento aos mais jovens e mostrar que a luta continua”, ressalta Wira Suruí.
Os participantes também reforçaram a preocupação com o impacto das mudanças climáticas e da destruição da floresta. “A cada ano que passa, o calor aumenta porque as florestas estão sendo devastadas, não só a madeira, mas também os babaçuais. O desmatamento está acelerando as mudanças climáticas. Será que a COP 30 trará algum benefício real para nós? Será que as quebradeiras de coco terão autonomia para estar lá e fazer parte desse debate?” , Maria do MIQBC presente no encontro.
O evento foi considerado um espaço essencial para o aprendizado e a troca de saberes, fortalecendo ainda mais a resistência indígena. “Esse encontro foi muito rico. Estivemos juntas, indígenas e não indígenas, aprendendo umas com os outros. Aqui nos reunimos, conversamos sobre nossas trajetórias e envolvemos os jovens nesse caminho. Agora, seguimos mais fortes para continuar lutando pelo nosso povo e pela nossa floresta”, destacou Regilane Guajajara uma das participantes.
O 3º Encontro das Mulheres Indígenas Aikewara reafirmou o papel central das mulheres na luta pela preservação dos territórios e pelo reconhecimento de seus direitos. A resistência indígena seguirá ecoando até a COP 30 , levando demandas fortalecidas e reivindicando o respeito à ancestralidade e à biodiversidade do Brasil.