Mulheres quilombolas articulam demandas territoriais em carta coletiva para levar a voz da comunidade à Conferência do Clima
Vozes quilombolas na luta pelo clima
No último dia 4 de junho, o Quilombo Catucá, localizado na zona rural da Diocese de Bacabal (MA), recebeu uma roda de conversa mobilizada pelas mulheres do território, em parceria com a irmã Alessandra e com o apoio da REPAM-Brasil, por meio do projeto Mobilização dos Povos pela Terra e pelo Clima. A atividade teve como objetivo debater os impactos ambientais vivenciados na comunidade e elaborar, de forma coletiva, uma carta de demandas concretas a ser apresentada nos espaços de incidência da COP30, que será realizada em 2025, em Belém (PA).
Um encontro guiado pelas mulheres e pela terra
A roda de conversa foi realizada em articulação com a Escola Quilombola Catucá, valorizando o protagonismo das mulheres negras na defesa do território e na construção de caminhos para o bem viver. O espaço foi marcado por partilhas sobre os efeitos das mudanças climáticas, a escassez de água e os desafios enfrentados no cultivo das hortaliças, afetadas diretamente pelo aumento das temperaturas.
Durante a programação, Arlete Gomes, coordenadora de projetos da REPAM, visitou os quintais produtivos da comunidade acompanhada pelas mulheres quilombolas, conhecendo de perto as estratégias de resistência e os impactos sentidos no cotidiano da agricultura familiar.
“São relatos que mostram como o aquecimento global não é um conceito abstrato, mas uma realidade que interfere diretamente na produção de alimentos, no cuidado com a terra e na saúde das famílias”, observa Arlete.

Metodologia que valoriza o saber popular
A oficina seguiu a metodologia das rodas de conversa que vem sendo aplicada pela REPAM nas comunidades amazônicas. O processo inclui escuta ativa, linguagem acessível e produção de cartas que registram, com sensibilidade e precisão, as preocupações e propostas das populações tradicionais. Em Catucá, o protagonismo das mulheres foi central para organizar o encontro e garantir que os saberes locais fossem valorizados.
“Escutar com atenção, caminhar pelo território, conhecer os quintais, ouvir as mulheres e construir juntas uma carta de compromissos é o modo como a REPAM tem atuado para garantir que as vozes invisibilizadas estejam presentes na COP30”, afirma Arlete Gomes.

Identidade, resistência e futuro
Ao final da roda de conversa, as mulheres do Quilombo agradeceram à REPAM pela presença e destacaram a importância de iniciativas que reforçam a identidade coletiva e ampliam o acesso das comunidades aos espaços de decisão. A carta produzida no Quilombo Catucá será somada às demais construídas em diferentes territórios, compondo uma plataforma de incidência política da Mobilização dos Povos.
Fortalecer os saberes tradicionais é também fortalecer a luta pela justiça climática. É com as mulheres, com os povos, com os territórios que vamos construindo um caminho de esperança rumo à COP30.



