De acordo com a socióloga, profa. Dra. Márcia Maria de Oliveira da Universidade Federal de Roraima e assessora da Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM-Brasil), ‘amazonizar a política’, nada mais é que uma convocação a todo brasileiro e brasileira a assumir de forma consciente o voto e eleger candidatos que contemplem em seus programas de governo a proteção da Amazônia e dos Povos Indígenas. “Eles são os verdadeiros protetores do território, quem defende os camponeses/as e as comunidades ribeirinhas que convivem com a floresta sem a destruir ou maltratar, quem defende a floresta das derrubadas e queimadas, para assim garantir o equilíbrio climático, a formação e distribuição das chuvas”, afirma.
Ainda, segundo a professa Márcia, votar em quem defende os jovens das periferias para lhes devolver o direito de sonhar um mundo melhor, significa amazonizar. “Amazonizar a política e votar em quem respeita e valoriza as mulheres no seu protagonismo político que transforma profundamente a sociedade”, alega.
Campanha #EuVotoPelaAmazônia propõe Roda de Conversa
A Roda de Conversa será uma das atividades propostas pela REPAM durante a Campanha #EuVotoPelaAmazônia. Para a profa. Márcia, “esses encontros são momentos especiais para nos reunirmos em pequenos grupos de reflexão e oração nesse tempo de preparação para as eleições. São momentos valiosos que nos ajudarão a pensar o lugar da política em toda nossa tradição religiosa”, afirma.
As primeiras comunidades cristãs viveram plenamente a política
De modo especial, explica a socióloga, que pensar no modo de vida das primeira comunidades que viveram inspiradas e orientadas pela orientação política que Jesus iniciou. “Elas também viveram plenamente a política. Seguindo o exemplo de Jesus, nas comunidades ‘todos e todas viviam unidos e tinham tudo em comum. Vendiam as suas propriedades e os seus bens, e dividiam-nos por todos/as, segundo a necessidade de cada um/uma. Unidos/as de coração frequentavam todos os dias o templo. Partiam o pão nas casas e tomavam a comida com alegria e singeleza de coração, louvando a Deus e cativando a simpatia de todo o povo. E o Senhor cada dia lhes ajuntava outros que estavam a caminho da salvação’ (ATOS, 2, 44-47).”
Um modo de vida baseado no Bem Comum e no Bem Viver
A experiência das primeiras comunidades definiu um modo de vida baseado no Bem Comum ou no Bem Viver que foi imitado, estudado, aprofundado e vivenciado por muitos seguidores e seguidoras. As comunidades foram perseguidas e martirizadas por causa desse outro modo de vida possível, baseado na partilha dos bens e na coletividade. Mesmo assim, essa experiência profunda de vida comunitária transpôs o tempo e continua na memória e na experiência de grupos que ainda hoje continuam seguindo as orientações de Jesus. E continuam incomodando setores da sociedade que não admite outro modo de vida que não seja a imposição do modo capitalista.
“Se não agirmos nós, agirão outros, sem nós e contra nós” (Beato Scalabrini)
Atualmente, muitos setores da Igreja esqueceram o mandamento de Jesus e das primeiras comunidades e passaram a odiar a política como querem os poderemos. Se o povo estiver longe da política, eles, os poderosos, não terão muito trabalho para executar seus planos de ambição, roubo, lucro e morte que passa pelas decisões políticas.
A onda de ódio à política afasta o povo dos partidos políticos causando um grave problema na sociedade e nas democracias modernas porque partidariza a política a grupos de interesses muito reduzidos que se instalam em todas as instituições políticas que são as ferramentas de participação política mais importantes e legítimas na democracia. A dominação das instituições políticas por grupos de interesse econômico faz com que a política seja pensada a partir da economia e não a partir do conjunto das dimensões sociais, políticas e culturais da sociedade.
Sobre o ódio à política, há muitas reflexões e vozes da Igreja que nos fazem refletir sobre nosso protagonismo político. No início do século passado, no ano de 1904, o Bem-Aventurado Dom João Batista Scalabrini, bispo italiano da diocese de Piacenza e fundador da Congregação dos/as Missionários/as de São Carlos – Scalabrinianos/as, veio ao Brasil visitar os migrantes italianos. Em um de seus discursos durante a visita, o bispo conclamava os migrantes para a participação política para fazer garantir seus direitos e cidadania e afirmou o seguinte: “se não agirmos nós, agirão outros, sem nós e contra nós”. Dessa forma, convocava toda a igreja a assumir seu papel político na sociedade. Assim, somos todos e todas convocados/as a assumir nosso protagonismo político de transformação da sociedade. Uma transformação que implica assumir a luta em defesa da Amazônia e da Casa Comum e “amazonizar” a política. `
Amazonizar a política é assumir o voto consciente
e eleger quem defende a Amazônia, quem se posiciona em defesa dos Povos Indígenas, os verdadeiros protetores do território, quem defende os camponeses/as e as comunidades ribeirinhas que convivem com a floresta sem a destruir ou maltratar, quem defende a floresta das derrubadas e queimadas, para assim garantir o equilíbrio climático, a formação e distribuição das chuvas. Amazonizar a política e votar em quem defende os jovens das periferias e lhes devolve o direito de sonhar um mundo melhor. Amazonizar a política e votar em quem respeita e valoriza as mulheres no seu protagonismo político que transforma profundamente a sociedade.
SERVIÇO
Campanha #EuVotoPelaAmazonia
Realização: Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM- Brasil)
Contato: comunicacao@repam.org.br
Rosa M. Martins – Whatsapp:+55 61 859 55 278