Delegações de 20 estados se reuniram na capital federal para o 13º Grito da Pesca Artesanal
Brasília foi palco de uma mobilização histórica no 13º Grito da Pesca Artesanal, onde cerca de mil pescadores e pescadoras de todo o Brasil marcharam em defesa de seus direitos e da proteção ambiental. Sob o tema “Por justiça climática, soberania alimentar e políticas públicas para a pesca artesanal”, o evento destacou o papel essencial das comunidades tradicionais na luta contra os impactos das mudanças climáticas.
Entre as organizações presentes, a Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM-Brasil) teve uma atuação fundamental, reforçando a importância de esforços articulados em defesa dos territórios e da biodiversidade. Representando a REPAM e sua Mobilização dos Povos pela Terra e pelo Clima, Mayara Lima destacou a urgência de se discutir a justiça climática, especialmente em um contexto onde as comunidades tradicionais enfrentam os impactos mais severos das alterações climáticas.
“É extremamente importante trazer esse tema da mudança climática, justiça climática no ambiente do Grito da Pesca, uma vez que os efeitos da mudança do clima são sentidos principalmente pelas comunidades tradicionais, pelos povos indígenas, ribeirinhos, quebradeiras de coco, povos quilombolas, pessoas que estão, na verdade, na linha de frente da luta climática em seus territórios”, ressaltou Mayara.
Ela também enfatizou a relevância da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025, a COP30, que será realizada em Belém (PA). “Todos os olhos estarão voltados para a COP30, e é uma oportunidade para que a sociedade civil participe. É muito importante criar um processo de articulação e incidência sobre a pauta climática, mostrando que parte das soluções vem dos territórios tradicionais”, completou.
O encontro reforçou denúncias contra a violação de direitos dessas comunidades, como a falta de acesso ao Registro Geral da Pesca (RGP) e a precarização de suas condições de trabalho. Além disso, os pescadores protestaram contra a devastação de seus territórios, impulsionada por empreendimentos industriais e pela economia azul, que ameaçam a soberania alimentar e o equilíbrio ecológico.
A marcha, que percorreu a Esplanada dos Ministérios, foi marcada por gritos de resistência e pela exigência de políticas públicas que respeitem os direitos das comunidades pesqueiras e assegurem a demarcação de seus territórios tradicionais.
O 13º Grito da Pesca Artesanal, mais do que um ato de resistência, simboliza a união de povos e organizações em defesa de um planeta mais justo e sustentável. A REPAM-Brasil, alinhada com as diretrizes do Movimento de Pescadores e Pescadoras Artesanais (MPP), segue fortalecendo a articulação para a COP30 e além, reafirmando o papel transformador das comunidades tradicionais na luta por justiça climática.
A REPAM e a Mobilização dos Povos pela Terra e pelo Clima reafirmam seu compromisso com os povos da Amazônia e com a defesa do clima, fortalecendo a luta por justiça socioambiental e promovendo um diálogo global que valorize as vozes das comunidades na construção de um futuro sustentável.