O 11º Festival de Cultura Indígena foi um momento crucial para a Mobilização dos Povos pela Terra e pelo Clima, reforçando a urgência das denúncias contra as invasões de território, a pesca e caça ilegal, além da contaminação dos rios e igarapés. O próprio tema do encontro, “Vamos Cuidar dos Lagos e Igarapés”, expressa o grito dos povos indígenas pela proteção da Amazônia e de suas águas.
Uma das principais demandas levantadas foi o fortalecimento da fiscalização do Ibama e da Funai, para garantir a segurança das comunidades contra invasores, especialmente aqueles vindos da Colômbia e do Peru. Durante a Assembleia das Cacicas e dos Caciques , esse clamor foi reafirmado como uma necessidade urgente para proteger o território indígena Ticuna e Cocama, um dos maiores da região.
A Mobilização dos Povos pela Terra e pelo Clima teve um papel essencial nesse encontro, contribuindo para a construção de um documento oficial que será incorporado à Carta de Demandas do território. “Essa parceria fortalece o compromisso de levar essas vozes para espaços de decisão, como a COP30 e a Cúpula dos Povos, garantindo que as pautas indígenas sejam ouvidas e respeitadas”, destaca Arlete Gomes, coordenadora de projetos da Mobilização dos Povos pela Terra e pelo Clima da REPAM e articuladora da REPAM-Brasil.
Além das denúncias e reivindicações, o festival também foi marcado por uma forte manifestação cultural. Danças, cantos e rituais foram a unidade dos povos indígenas fronteiriços – Brasil, Colômbia e Peru – em torno da defesa das águas e da preservação ambiental. Esse espírito de comunhão e resistência reafirma a força coletiva dos povos da Amazônia na luta pela justiça socioambiental.
Outro ponto de destaque foi a presença ativa das mulheres indígenas, que assumem um protagonismo fundamental. Muitas lideranças cacicas e jovens trouxeram suas denúncias com coragem e determinação, reivindicando proteção para seus territórios e apoio às instituições presentes. Mulheres com seus filhos no colo, amamentando, discursavam sem medo, demonstrando a força de quem carrega a responsabilidade de preservar suas comunidades e tradições.
A REPAM-Brasil, que acompanha esse processo desde 2019, segue comprometida em fortalecer essa luta. Nossa missão é amplificar essas vozes, construir soluções coletivas e garantir que a defesa da terra, das águas e dos povos indígenas ressoe em todos os espaços. Seguimos firmes, porque cada ato de resistência é também um ato de esperança.