No dia 24 de janeiro, o município de Marapanim, no Pará, sediou sua 1ª Conferência Municipal do Meio Ambiente, reunindo lideranças comunitárias de reservas extrativistas, associações culturais, estudantes universitários, organizações religiosas e representantes de diversas entidades. A atividade integra as etapas locais da 5ª Conferência Nacional do Meio Ambiente e teve como tema “Emergência Climática: Desafios da Transformação Ecológica”.
A mesa de abertura contou com a participação de Luís Carvalho (Fred), jovem articulador da Rede Cuíra – uma rede de jovens protagonistas dos manguezais amazônicos –, Maria Bia Biata dos Santos, coordenadora paroquial da Cáritas Brasileira, Denilson Lopes, secretário municipal de Meio Ambiente, e Eduardo Soares, representante da Mobilização dos Povos pela Terra e pelo Clima, articulação da REPAM rumo à COP30. O objetivo principal da conferência foi promover um amplo diálogo participativo sobre a emergência climática, apontando soluções para os desafios enfrentados pelas comunidades vulneráveis de Marapanim.
Para Eduardo Soares, representante da Mobilização dos Povos pela Terra e pelo Clima – REPAM BRASIL, “A atividade trouxe a sociedade civil para uma construção participativa, considerando o protagonismo das comunidades na resposta à crise climática e sua incidência na política ambiental. Daí a importância de mobilizar os territórios para uma pauta que está presente no seu cotidiano, mas que nem sempre tem o direito de decidir sobre a mesma, especialmente em locais distantes dos centros urbanos que tenham enfrentado com mais intensidade essa emergência climática.”
Os participantes discutiram temas como justiça climática, gestão ambiental, saneamento básico, educação ambiental e o papel do poder público e da sociedade na preservação ambiental. Após os painéis, foram formados grupos de trabalho para aprofundar as discussões e apresentar propostas, que foram votadas em plenária.
Marcelene Oeiras, produtora cultural e integrante da Associação de Carimbó de Marapanim, destacou desafios como a ausência de aterro sanitário, a contaminação dos rios e a falta de saneamento básico. Ela também alertou para os impactos ambientais causados por grandes empresas, como desmatamento e exploração de recursos naturais, que afetam diretamente o equilíbrio ecológico e a subsistência local.
Entre as soluções apresentadas estão:
- Tratamento dos riscos ambientais relacionados ao petróleo na foz do Rio Amazonas.
- Implantação de políticas públicas de saneamento básico para preservar rios, igarapés, lagos e manguezais.
- Promoção de energia eólica e solar em comunidades tradicionais.
- Criação de hortas e quintais agroflorestais comunitários.
- Educação ambiental formal e informal, com foco na conscientização sobre a importância dos manguezais e do período de defeso.
Luis Carvalho, da Rede Cuíra, reforçou a importância do protagonismo juvenil e da escuta das comunidades locais: “A crise climática está ameaçando nossa biodiversidade e a agricultura familiar, que é fonte de renda para muitas famílias. Precisamos nos mobilizar para proteger nosso território e garantir um futuro sustentável.”
A Conferência Livre do Meio Ambiente de Marapanim foi um marco para a mobilização da sociedade local, permitindo que a população expressasse suas preocupações e participasse ativamente na construção de soluções para os problemas ambientais. O evento também reforçou a necessidade de união entre sociedade civil, poder público e organizações para enfrentar a crise climática e promover o desenvolvimento sustentável no município.