Cartilha “ABC das COPs”, iniciativa da REPAM rumo à COP30, foi um dos destaques das atividades autogestionadas
Terminou hoje (9/5), em Brasília, a 5ª Conferência Nacional do Meio Ambiente (5ª CNMA), com a presença de 1.501 delegadas e delegados de todo o país. Ao final do encontro, foram selecionadas 100 propostas prioritárias para o enfrentamento da emergência climática no Brasil.
Com forte participação da sociedade civil, de representantes do setor privado e de governos, o processo reafirmou o compromisso coletivo na construção de políticas públicas que respondam à diversidade dos territórios e à urgência da crise ambiental.
Entre os destaques das atividades autogestionadas, esteve a roda de diálogo sobre a Cartilha ABC das COPs, parte do projeto Mobilização dos Povos pela Terra e pelo Clima, uma articulação da REPAM rumo à COP30. O material tem servido como instrumento de formação e informação sobre a agenda climática e o papel das comunidades na construção de soluções para a crise do clima.

Representatividade amazônica
Adriana Leite, da Diocese de Balsas (MA), representou a REPAM na conferência. Para ela, o espaço foi uma oportunidade de troca e construção coletiva:
“É de grande importância estarmos aqui. Cada território trouxe suas dores, lutas e propostas. Essa partilha fortalece o nosso trabalho e nos prepara para uma incidência mais organizada rumo à COP30 em Belém. A oficina do ABC das COPs foi um momento rico para pensarmos em como cada realidade pode contribuir com o todo”, afirmou Adriana.

A atividade reuniu participantes de diferentes regiões, como Pará, Acre, Maranhão e Centro-Oeste, e reforçou a importância da comunicação popular e da articulação em rede para garantir o protagonismo dos povos tradicionais nas decisões sobre o clima.
Aldenice Monteiro, uma das fundadoras do projeto Guardiões Ribeirinhos de Afuá (PA), também esteve presente e destacou o impacto do material entre os jovens da região:
“A cartilha tem sido essencial para despertar a consciência dos nossos jovens. Muitos estão se tornando referência local quando o assunto é clima. Eles entendem a importância do tema, se posicionam, participam de eventos e ajudam a levar essas discussões para dentro das comunidades. Isso tem mudado a forma como nos enxergamos como povo e como sujeitos políticos.”

As propostas
Durante a plenária final da conferência, nesta quinta-feira (8), foram apresentadas as 100 propostas prioritárias, organizadas em cinco eixos temáticos:
- Mitigação
- Adaptação e Preparação para Desastres
- Justiça Climática
- Transformação Ecológica
- Governança e Educação Ambiental
Cada eixo reúne 20 propostas consideradas estratégicas para orientar ações de enfrentamento à emergência climática.
Na sexta-feira (9), os participantes escolherão, entre as 100, as 10 propostas mais urgentes. Para acessar a lista completa com as 100 propostas eleitas, clique aqui.
A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, reforçou o peso do momento:
“Estamos diante de uma responsabilidade que transcende o tempo, pois diz respeito à vida das futuras gerações. Temos apenas o tempo da emergência. Vamos cumprir o objetivo da CNMA: fortalecer o Sistema Nacional de Meio Ambiente e subsidiar o enfrentamento da emergência climática com justiça e propostas reais de mitigação e adaptação. Queremos avançar na transição ecológica, com o Brasil liderando pelo exemplo.”
Sobre a 5ª CNMA
A atual edição da CNMA começou em 2024 com mais de 900 conferências livres, municipais e intermunicipais, mobilizando 2.570 municípios. A fase seguinte envolveu conferências estaduais e a distrital, que elegeram os delegados e priorizaram 539 propostas.
A etapa nacional aconteceu de 6 a 9 de maio, no Centro Internacional de Convenções do Brasil (CICB), em Brasília. A organização é do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, com correalização da Flacso Brasil e da Universidade de Brasília (UnB).

