Entre os convidados da entrevista coletiva do Sínodo nesta quarta-feira, estavam o bispo de Cristalândia/TO, dom Welligton Queiroz Vieira, e o bispo de Macapá/AP, dom Pedro José Conti. Os prelados falaram de sacerdócio, vocações, laicato e cooperação agrícola.

Dom Wellington Vieira | Foto: Paulo Martins/REPAM-Brasil

Dom Wellington Queiroz ressaltou que, na diversidade de opiniões, os padres sinodais e demais participantes vivem “um clima extremamente fraterno, um ambiente de extremo respeito”. Os debates sobre o sacerdócio partem de opiniões divergentes, com abordagens bíblicas e históricas próprias.

Mas o que foi pontuado como maior problema na falta de padres na região amazônica ou a má distribuição dos pastores pelas diferentes regiões, não é o celibato, mas a incoerência. “O verdadeiro problema é a incoerência, a infidelidade, e os escândalos causados por ministros ordenados”, afirmou dom Wellington.

“Devemos fazer de modo que no coração das pessoas, sobretudo dos jovens, se desenvolva uma terra fértil. Sabemos que muitas vezes adquirimos o cheiro das ovelhas, mas não passamos a ela o perfume de Jesus. Só levamos a mensagem de nós mesmos. O bispo ainda ressaltou a necessidade de buscar de novos caminhos que não podem superar a necessidade de um caminho de santidade, de conversão. “Antes de pensar o que os outros precisam mudar, devemos pensar o que nós devemos mudar”, sinalizou apontando também que é preciso pensar na santidade dos atuais evangelizadores.

“Santidade da simplicidade de vida, da abertura ao diálogo, do respeito às diferenças, do inquebrantável anúncio da esperança cristã, da capacidade de se compadecer dos que sofrem, da inegociável decisão de amar, a santidade comprometida com as transformações sociais, sem perder referência com ao transcendente. Não posso acreditar que Jesus tenha perdido o seu poder de atração. Na realidade, muitas vezes temos sido um obstáculo”, disse.

Dom Wellington, ao final, tocou na má distribuição de presbíteros em termos territoriais: “Na América Latina há áreas com uma boa presença de sacerdotes, mas com escasso espírito missionário. Muitos deles poderiam ir a regiões de fronteira como a Amazônia”.

Laicato
O bispo de Macapá, dom Pedro José Conti, elogiou e valorizou o trabalho de cristãos leigos e leigas na Igreja presente na Amazônia. São eles que animam paróquias com mais de 100 comunidades e que contam com a presença do padre para celebrar missas apenas duas vezes por ano.

Dom Pedro Conti | Foto: Paulo Martins/REPAM-Brasil

É preciso reconhecer que uma Igreja com rosto amazônico é laica: “Quem leva adiante o trabalho são os leigos e as leigas. Os sacerdotes devem prepará-los, acompanhá-los e guiá-los, mas são eles que constroem a Igreja”, afirmou.

“Nós clérigos, sacerdotes e bispos, pensamos saber tudo, mas não é verdade, precisamos das competências dos leigos e das leigas, e isso é também um antídoto ao clericalismo”, enfatizou. Com trabalhos na Comissão Episcopal Pastoral para o Laicato na CNBB, dom Pedro ainda disse que é fundamental o serviço de leigos e leigas engajados na política: “que sejam formados para dar concretude à doutrina social da Igreja”.

O bispo ainda relacionou a atuação dos pequenos produtores leigos com a “salvação” da Amazônia. Para ele, o modelo a ser seguido é o das pequenas cooperativas agrícolas, “que convivem com a Floresta, a ‘Floresta em pé’, e que dela extraem os recursos de modo sustentável para comercializar produtos naturais, desfrutando da sua grande riqueza com a sabedoria ancestral transmitida pelos povos indígenas”.

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