Mobilização dos Povos pela Terra e pelo Clima, da REPAM, debate a construção de pautas coletivas rumo à COP30 em 2025.
Na última quinta-feira (14), na Aldeia Yetá, situada na Terra Indígena Sororó, teve início o 1º Encontro da Juventude Indígena, reunindo mais de 70 participantes. Sob o tema “Identidade e Resistência: Tecendo Redes na Garantia de Direitos”, o evento consolidou-se como um marco na mobilização dos jovens indígenas Aikewara Suruí, fortalecendo suas vozes e reafirmando a importância de sua cultura e território.
Identidade e Cultura
A abertura contou com breve apresentação das lideranças de cada aldeia, destacando o papel da juventude na preservação da cultura e na luta por direitos. O cacique Abil Suruí, da Aldeia Yetá, enfatizou que o encontro era um sonho antigo, finalmente concretizado. “Os ataques aos povos indígenas são constantes. Se não nos prepararmos, seremos atropelados”, ressalta.
A Mesa 1, intitulada “Identidade da Juventude Indígena Aikewara Suruí: Desafios e Potências Ancestrais nas Redes Sociais”, contou com lideranças como o cacique Abias, Matania Suruí e Monete Suruí. Eles ressaltaram o papel das redes sociais como ferramentas de fortalecimento cultural, alertando sobre o impacto da modernidade na identidade indígena.
Monete Suruí destacou a importância da conexão com a ancestralidade. “Nossa terra era grande, hoje está menor. Precisamos trazer os mais velhos para as escolas e reuniões. Saber de onde viemos fortalece nossa identidade e nos prepara para o futuro.”
Clima e Justiça Ambiental
Na Mesa 2, “COP30 e Crise Climática: Estratégias de comunicação como visibilidade nas redes sociais”, temas como mudanças climáticas e a participação dos povos indígenas nas decisões globais foram abordados. Rafael Martins , procurador do Ministério Público Federal falou do papel do MPF em garantir os direitos previstos na constituição os povos indígenas e colocou como agenda a construção de um documento de consulta das demandas territóriais para a COP 30.
Discutiu-se também a importância da COP30, que ocorrerá em Belém, destacando a necessidade de estratégias para garantir que as vozes indígenas sejam ouvidas, assim como uma coalisão de forças para garantir que a COP seja um espaço popular de escuta dos povos.
“Iniciamos um processo de enraizamento da mobilização para construir uma articulação antes, durante e depois da COP 30. Esse encontro é fundamental, e o papel da juventude nas discussões climáticas é essencial nesse contexto. Pensar em como ampliar a comunicação territorial também é uma prioridade. Sabemos que os espaços de decisão da COP são restritos, mas, como Mobilização, ao lado de outros movimentos e coalizões, estamos construindo um processo que envia uma mensagem clara aos tomadores de decisão: parte das estratégias e soluções para enfrentar a crise climática devem partir dos territórios.” disse Joana Menezes, articuladora da REPAM rumo à COP 30.
Mayara Silva, da Comunicação da Mobilização rumo à COP 30, destacou a importância de democratizar a informação sobre o que é uma COP e levar essas informações de forma mais acessível às bases. “Participar da Cúpula dos Povos, que está reunindo mais de 400 organizações, construindo documento colaborativo é uma maneira da gente tentar construir pautas que atinjam a todos e que a gente possa levar pro governo”, ressalta Mayara Silva.
O 1º Encontro da Juventude Indígena aconteceu até o dia 15 de novembro, e reforçou que a juventude Aikewara Suruí está unida na defesa de sua identidade, cultura e direitos, tecendo redes de resistência que ecoarão por gerações.
Reprodução: Mobilização COP30