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Por Luis Miguel Modino, comunicação CNBB Norte1

Um dia para fazer memória, que “não é uma simples lembrança, que é um passado que se faz presente no hoje”, segundo explicitava dom Adolfo Zon, bispo da diocese de Alto Solimões e vice-presidente do Regional Norte1, que de 18 a 21 de setembro realiza na Maromba de Manaus, com a participação de mais de 80 pessoas, sua 50ª Assembleia Regional.

A memória começa pelo olhar, um prestar atenção, afirmou o bispo de Alto Solimões, espelhado na atitude de Jesus na passagem do Evangelho do dia, onde mostra que ele sentiu compaixão, empatia, se colocou no lugar do outro, uma compaixão que leva à ação. Uma memória que ajuda a lembrar tantas coisas boas vividas no Regional, após um sentimento de compaixão dos bispos que os levou à ação, gerando processos que ajudem a superar uma pastoral de eventos.

Dom Adolfo Zon fez um chamado a olhar a realidade a partir da memória e assim descobrir que hoje na Amazônia os problemas se complicaram, o que demanda saber discernir a resposta hoje. O vice-presidente insistiu em que as igrejas do Regional Norte1 têm um mesmo sentir, o que vai ajudar na ação evangelizadora, fazendo um chamado a ter criatividade com critério. Uma caminhada que é uma escola, destacando a importância da metodologia e que fazer juntos é uma graça de Deus. Finalmente, ele pediu aos bispos, que tem o carisma e responsabilidade da coordenação, que semeiem vida lá onde passam.

Não podemos esquecer que é a partir da memória que se constroem os sonhos. Daí a importância da leitura histórica da caminhada da Igreja na Amazônia realizada pelo padre Vanthuy Neto. Uma história marcada nos primeiros momentos por dois bispos, Dom Macedo Costa, naquele tempo arcebispo de Belém, que promoveu o diálogo com o governo e se destacou como um dos bispos mais influentes do Concílio Vaticano I, e Dom Frederico Costa, primeiro bispo prelado de Santarém, no início do século XX.

A Igreja confiou as prelazias a diversas congregações, uma Igreja que na Amazônia sempre esteve marcada por um rosto laical. Segundo o padre da diocese de Roraima, uma história baseada em 6 pontos, que mostrou como antecedente da organização eclesial: povos originários, abertura dos portos para o comércio exterior, os conflitos das fronteiras, a Igreja entre o padroado e a romanização, a presença protestante e as prelazias e Igrejas locais como novo caminho de evangelização.

As missões se tornaram instrumento profético na Amazônia, com grande preocupação em torno da escravidão dos indígenas, que em poucos anos passaram de ser a maioria a ser uma minoria, consequência da escravidão e as epidemias. O ciclo da borracha ajuda a ver a floresta, não mais obstáculo e sim paraíso verde, fonte riquezas, mudando o mundo amazônico. Um tempo em que as fontes de riqueza provocam guerras de fronteira, em um tempo com grande influência da maçonaria e que marca a chegada do mundo protestante. Um tempo em que o chamado positivismo católico, que pretende fazer com que os habitantes da região, especialmente os indígenas, entrem no mundo da razão.

Em 1892 nasce a diocese do Amazonas, se tornando Manaus lugar de apoio das prelazias do interior, pudendo ser considerada “o pequeno Vaticano” do Amazonas. Aos poucos se intensifica o chamado a fomentar o clero local, o clero indígena, dado que todos os missionários chegavam de fora, principalmente da Europa. Aos poucos a diocese do Amazonas vai ser dividida em novas dioceses e prelazias, uma Igreja de festas, de religiosidade popular, até o ponto de que “a procissão era mais importante do que a missa”, ressaltou o padre Vanthuy Neto.

Uma missão ligada à questão da fé, mas também ao progresso da região. Se chegava para evangelizar, sobretudo a partir do Batismo e o Matrimonio, e se realizava a missão seguindo um tripé: escola, saúde, trabalho. A Igreja ajudará na sedentarizarão dos povos. Uma Igreja que foi dando os passos com diversos encontros e pronunciamentos para que pouco depois do Concílio Vaticano II, em 1966, surgisse o Regional Norte1 da CNBB, que realizou sua primeira assembleia em 1967.

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