Depois de dois dias de atividades virtuais (26 e 27), foi encerrada a primeira Assembleia Plenária da Conferência Eclesial da Amazônia. Cardeais, bispos, religiosos e religiosas, leigos e leigas e representantes das comunidades tradicionais participaram da atividade que, além de revisitar o caminho sinodal, apontou caminhos pastorais para o novo organismo eclesial.

Presidida pelo Cardeal Cláudio Hummes, o primeiro dia de Assembleia foi marcado por reflexões sobre a Amazônia e sobre os resultados do Sínodo, realizado em outubro do ano passado. Em pequenos grupos, os participantes puderam apontar as ações decorrentes da grande assembleia que já estão em curso nos territórios.

O segundo dia foi dedicado a pensar em um plano pastoral para a CEAMA. A equipe que preparou a assembleia sistematizou em 20 pontos as principais urgências apontadas pelo Sínodo. Em grupos, a partir dos temas elencados, os participantes fizeram sugestões de ações a serem realizadas pela nova conferência. “Buscar o que é específico da CEAMA e buscar o que é prioritário”, destacou Dom David Martinez, vice-presidente do Conferência ao encaminhar os trabalhos dos grupos.

Ao final da assembleia, um comunicado oficial, aprovado pelos participantes sintetizou todo o trabalho dos dois dias. “Sentimos que é tempo de dialogar, encarnar-se, de descolonizar. Envolver aos leigos, as mulheres, os povos nativos, os mestiços, os quilombolas, no atuar da Igreja. Servir, defender, comunicar, influenciar, resistir, sendo uma Igreja que acolhe as vítimas da pandemia”, afirmam os participantes no texto.

A primeira Assembleia da CEAMA foi bem avaliada pelos participantes dos nove países que compõem a Pan-Amazônia e estiveram presentes na atividade. Dom José Ionilton Lisboa, da prelazia de Itacoatiara/AM, agradeceu à equipe que conseguiu organizar uma atividade virtual de tamanha expressão com cerca de 250 participantes. “Foi um momento forte para celebrarmos o aniversário de um ano de nosso Sínodo para a Amazônia”, concluiu o bispo.

Para a leiga do Xingu, que também foi uma das auditoras do Sínodo, Dorismeire Vasconcelos, a Assembleia foi uma riquíssima experiência de sinodalidade. “Animo e ardor missionário no diálogo, serviço anúncio e testemunho nos territórios amazônicos”, destacou.

Leia, abaixo, o Comunicado da Primeira Assembleia Plenária da CEAMA. Para baixar o arquivo, clique aqui.

 

 

COMUNICADO DA PRIMEIRA ASSEMBLEIA PLENÁRIA

Na Conferência Eclesial da Amazônia – CEAMA, nos reunimos para celebrar a primeira assembleia plenária nos dias 26 e 27 de outubro, coincidindo com o primeiro aniversário do encerramento do Sínodo para a Amazônia. Participaram 250 pessoas, entre leigos, vida religiosa, sacerdotes e bispos.

A CEAMA concretiza a proposta de “criar um organismo episcopal que promova a sinodalidade entre as igrejas da região, que ajude a delinear a face amazônica desta Igreja e que continue a tarefa de encontrar novos caminhos para a missão evangelizadora” (DF 115).

A Conferência Eclesial da Amazônia é parte de um processo que começou em 2007 com a Conferência de Aparecida e teve seu ápice na realização do Sínodo. O encontro do Papa Francisco com os bispos no Rio de Janeiro em 2013, a criação da REPAM em 2014, a convocação do Sínodo para a Amazônia em outubro de 2017, a visita do Papa Francisco a Puerto Maldonado em janeiro de 2018, onde iniciamos um amplo e rico processo de escuta, a Assembleia Sinodal em outubro de 2019, a exortação pós-sinodal Querida Amazônia em fevereiro de 2020, que acolhe o Documento Final do Sínodo e pede sua implementação (cf. QA 2-4), são passos decisivos que nos permitiram chegar a esta assembleia.

Assumimos o desafio de realizar este encontro através de uma plataforma virtual. Nos anima o apoio do Papa Francisco, que está feliz pela continuidade deste processo pós-sinodal amazônico. O virtual não foi um impedimento para celebrar e compartilhar a fé e a vida, para pensar em propostas que promovam a evangelização na Amazônia. Através dos momentos de oração, intervenções, recursos multimídia e o trabalho em pequenos grupos, entrelaçamos sinodalmente alguns dos compromissos prioritários e mais urgentes do Sínodo, iniciando assim um processo que nos conduzirá a um Plano Pastoral de Conjunto.

Seguindo as prioridades do Sínodo e da Querida Amazônia, começamos trabalhando em 20 núcleos temáticos prioritários. Sentimos que é tempo de dialogar, encarnar-se, de descolonizar. Envolver aos leigos, as mulheres, os povos nativos, os mestiços, os quilombolas, no atuar da Igreja. Servir, defender, comunicar, influenciar, resistir, sendo uma Igreja que acolhe as vítimas da pandemia. Formar comunidades que possam celebrar a Eucaristia e com uma forte consciência missionária e ministerial de todos os seus membros: leigos, seminaristas, ministros, vida consagrada, sacerdotes e bispos. Tempo de articular os povos, os territórios, as jurisdições eclesiásticas, para tecer redes e ações concretas.

Em comunhão com a Igreja universal, articulados com o CELAM e as diferentes redes eclesiais amazônicas, seguimos avançando neste processo do Espírito, aliados aos povos amazônicos e em defesa da Casa Comum. Confiamos a Maria, Mãe da Amazônia, nossa missão.

27 de outubro de 2020

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