Notícia

Por Luis Miguel Modino | Comunicação CNBB Norte1

Mons. Zenildo Lima da Silva foi nomeado pelo Papa Francisco bispo auxiliar da Arquidiocese de Manaus no dia 27 de setembro de 2023. Uma nomeação que situa na perspectiva do Congresso Missionário Nacional, em cujo encerramento receberá a ordenação episcopal. Ele vê seu ministério “muito vinculado com a identidade dessa Igreja de Manaus”, onde ele tem vivido sempre sua fé.

Uma nomeação fruto da “maturação de nossa identidade eclesial”, uma Igreja ministerial que de diferentes modos assume a missão na Amazônia. Isso numa Igreja que está vivendo um grande processo sinodal, mas onde “a indicação e o processo de escolha dos bispos na Igreja ainda não é um processo que acontece dentro da sinodalidade que a gente esperava”. Uma sinodalidade que acontece “a medida que o ministério possa ser exercido abraçando a dinâmica de participação que é próprio dessa identidade sinodal”.

Um ministério episcopal com o qual ele quer “oferecer aquilo que pode, mas sempre de um modo novo, de uma existência batismal retomada a partir do ministério, exercer o que sempre faz, mas com uma autoridade, quer dizer uma qualificação do serviço”. Um novo serviço na Igreja de Manaus que “agora é uma abrangência a uma totalidade da Igreja”, insistindo em que essa Igreja de Manaus pode esperar dele “a totalidade da minha disponibilidade”.

Nascido em Manaus, padre de Manaus, e agora a Igreja universal, pensando na Igreja de Manaus lhe encomenda uma nova missão: ser bispo auxiliar de Manaus. Como está vivendo isso?

Essa nomeação chega numa ocasião bastante oportuna para a gente situar esse acontecimento, que é essa perspectiva do Congresso Missionário Nacional, da Igreja local para os confins do mundo. E a gente começa essa reflexão a partir da compreensão da Igreja local. A sua pergunta insiste nesta localidade, nascido em Manaus, presbítero de Manaus e escolhido pela Igreja para servir a Igreja de Manaus.

É o exercício de um ministério que vai se realizar na existência eclesial da Igreja que nesse chão de Manaus vive esta experiência no seu ser e no seu agir. Acredito que o convite para esse ministério está muito vinculado com a identidade dessa Igreja de Manaus, com a autorrealização dessa Igreja de Manaus.

Eu experimento, acolho muito esse momento, como um momento da Igreja, não como um momento pessoal. Não era algo para o que eu desenhava a minha vida, mas percebo que é algo que vai formatando o desenho da identidade dessa Igreja. E foi nesse sentido, que me senti impelido a acolher esse pedido do Papa.

Fala de missão, o Amazonas é um Estado que já recebeu muitos missionários, onde a maioria dos bispos até agora foram de outras regiões do Brasil ou do exterior. O senhor não é o primeiro bispo amazonense, e essas nomeações podem ser consideradas um amadurecimento das igrejas locais, que aos poucos vai assumindo mais ministérios, inclusive o ministério episcopal, ¿poderíamos dizer que esse amadurecimento existe?

Mais uma vez eu recorro ao que a gente vive circunstancialmente, acabamos de celebrar a 50ª Assembleia do nosso Regional Norte1. Na realização desta assembleia, nós fomos identificando os marcos que já estão fincados na caminhada desta Igreja e que lhe permite alargar a sua tenda, como foi a proposta desta assembleia, fazer memória, se colocando a disposição para a profecia, e sempre vislumbrando a esperança.

E um dos elementos que a gente constatou nesta assembleia foi justamente esse da maturação de nossa identidade eclesial e uma maturação que se vê através dos ministérios, do resgate do diaconato permanente, ainda que haja muita coisa para ser pensada e refletida, do ministério presbiteral de autóctones, de pessoas que são nascidas aqui e convidadas a assumir as causas daqui. E nessa esteira do ministério presbiteral e do ministério episcopal, com mais um bispo daqui da região, que de fato é indicativo sim desta maturidade. Mas sobretudo pela grande corporeidade ministerial da nossa Igreja.

A nomeação de um bispo nascido na própria região, ela é tão significativa quanto o ministério de tantos cristãos leigos e leigas que são nascidos aqui, que assumem a evangelização. Essa maturação eclesial não é porque se galgou um ministério mais raro, mas porque expressa que são os batizados que vivem a eclesialidad aqui, que assumem ministerialmente os serviços da Igreja e do povo aqui.

Uma nomeação que foi dada a conhecer poucos dias antes do início da primeira sessão da assembleia sinodal do Sínodo da Sinodalidade. O Sínodo é um processo, o senhor participou do Sínodo para a Amazônia como auditor, que pode se esperar de um bispo neste tempo de sinodalidade?

Sempre são os acontecimentos de Igreja que vão norteando a compreensão dessa nomeação e desse convite do Papa para esse ministério. A indicação e o processo de escolha dos bispos na Igreja ainda não é um processo que acontece dentro da sinodalidade que a gente esperava. A nomeação da minha pessoa, embora possa ser acolhida por muitos como um resultado desse processo sinodal de amadurecimento de Igreja com rosto amazônico, mas ele ainda obedeceu, ainda seguiu aqueles padrões bastante rígidos que a Igreja tem enquanto a esse processo.

Mas não obstante isso,de fato nós podemos falar de sinodalidade a medida que o ministério possa ser exercido abraçando a dinâmica de participação que é próprio dessa identidade sinodal. A minha pessoa, o meu nome, a minha história e a história do meu ministério, do serviço pastoral, está muito ligado com a vida da Igreja de Manaus e a vida das igrejas do nosso Regional, com a aproximação do trabalho dos cristãos leigos e leigas, com as pastorais específicas das nossas igrejas, das nossas dioceses.

Há uma concorrência, no sentido que as coisas concorrem, as realidades, as experiências pastorais concorrem para a nomeação de um nome daqui que seja vinculado a este processo participativo que caracteriza a nossa Igreja.

O senhor fala da Igreja de Manaus, evidentemente conhece muito bem a Igreja de Manaus, é muito conhecido na Igreja de Manaus, o que lhe pede ao povo de Deus que caminha em Manaus e que lhe oferece em seu novo ministério a essa Igreja que lhe viu crescer e que o senhor já manifestou tantas vezes que a ama?

Quando eu tive a oportunidade de fazer um mestrado e depois me deram a proposta de um doutorado, que não realizei, a minha perspectiva seria escrever algo sobre a Igreja de Manaus. A minha realização batismal, eclesial, ministerial, se dá na Igreja de Manaus. Quando eu recebi a comunicação para a possibilidade desse ministério episcopal, eu me perguntava o que eu vou fazer mais pela Igreja de Manaus, o que ainda tenho para oferecer para a Igreja de Manaus. Quase insistia, diante da comunicação, me deixa assim mesmo, já estou oferecendo aquilo que eu posso pela nossa Igreja.

E me foi advertido, oferecer aquilo que pode, mas sempre de um modo novo, de uma existência batismal retomada a partir do ministério, exercer o que sempre faz, mas com uma autoridade, quer dizer uma qualificação do serviço.

O que posso oferecer a Igreja de Manaus depois de tantos serviços que já realizei com muito gosto nessa Arquidiocese, nas paróquias, nas pastorais específicas, na animação vocacional, na pastoral presbiteral, no seminário, no Instituto de Teologia, no secretariado do Regional. Essa nomeação, ela equilibra uma abrangência, a gente sempre tem dedicações à Igreja local a partir de recortes de responsabilidades que nos são conferidas. Agora é uma abrangência a uma totalidade da Igreja. A minha vida, ela agora está sendo exigida na sua totalidade para o serviço da totalidade da Igreja de Manaus. Que que a Igreja de Manaus pode esperar da minha pessoa? A totalidade da minha disponibilidade.

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