Por Luis Miguel Modino | Comunicação CNBB Norte I
O segundo módulo da primeira sessão da Assembleia Sinodal do Sínodo sobre a Sinodalidade, que busca responder à pergunta sobre “Como podemos ser mais plenamente sinal e instrumento da união com Deus e da unidade do gênero humano?”, iniciou com uma missa no Altar da Cátedra em rito greco-bizantino, presidida por Sua Beatitude Rev. Youssef ABSI, Patriarca de Antioquia dos Greco-Melquitas, Presidente do Sínodo da Igreja Católica Greco-Melquita, com a homilia de Sua Beatitude Eminência Card. Béchara Boutros RAÏ, O.M.M., Patriarca de Antioquia dos Maronitas, Chefe do Sínodo da Igreja Maronita, que pode ser considerado um passo a mais no caminho da unidade.
O processo sinodal na Igreja do Brasil
Na Congregação Geral os participantes da Assembleia Sinodal escutaram diversos depoimentos, dentre eles o partilhado por Sônia Gomes de Oliveira, presidente do Conselho Nacional do Laicato Brasileiro e uma das mulheres membros da Assembleia. A leiga brasileira iniciou suas palavras lembrando que “viver o processo sinodal na Igreja do Brasil foi uma continuidade do caminho iniciado na Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe”, destacando o processo de escuta realizado, mesmo com a pandemia.
Ela destacou a importância da Equipe Nacional no trabalho de animação do processo sinodal chegando nas bases, onde foi importante a participação do laicato, uma prática que ajudou a conhecer a realidade em diferentes níveis e dos leigos e leigas se descobrir como corresponsável na missão. Também uma oportunidade para iniciar processos de formação, lembrando as palavras do relatório realizado no Brasil para a fase continental: “o Sínodo caiu, no mundo dos leigos e leigas, como um oceano a ser explorado e valorizado e, por isto a partir de agora não deve ser só um momento, mais uma prática da Igreja”.
Uma Igreja sinodal na prática
Sônia Gomes de Oliveira insistiu na necessidade de uma Igreja sinodal na prática “onde todos os batizados são chamados a participar, não só como colaboradores, mas reconhecido e conscientes da responsabilidade pela missão”, mas também afirmando que “nem todos compreenderam o processo”. Ela disse ter compreendido que “Igreja sinodal é a que não deve ter medo de caminhar juntos com aqueles que querem viver a unidade, respeitando os diversos carismas e vocações”, destacando a necessidade de “colocar os chinelos e os pés no caminho, ouvir o povo que grita e a Igreja precisava ouvir”.
Segundo a presidenta do laicato brasileiro é necessário “exercer o meu papel de batizada no meu ambiente de Trabalho com um jeito e forma de ser Igreja”, que a leve a “unir a minha profissão com o meu ser cristã”. Ela destacou a importância das escutas, de fazê-las do jeito de Jesus, relatando duas experiências marcantes, uma com uma prostituta, que disse: “agora entendi, a Igreja e o Papa Francisco querem saber como estou”, afirmando carregar um fio de esperança, e agradecendo ter chegado até ela, o que fez com que ela se sentisse aliviada, mas dizendo, “pena que o povo da Igreja não faz isto sempre!”. Uma segunda experiência foi num presidio, onde experimentou o consolo levado até os detentos, e como “somos chamados a consolar”.
Experiências de escuta
Em suas palavras, Sônia Gomes de Oliveira foi partilhando diversas experiências vividas nas escutas, querendo assim ressaltar que “falar de uma experiencia sinodal é falar de uma Igreja que tem que ser aberta para acolher, aberta para escutar”, pois, “existem muitos lugares de dor, sofrimento, é importante a presença da Igreja”, chamado a todos e todas a estar ali, “ainda temos muitos lugares que não conseguimos chegar”. É por isso que temos que “ser Igreja no coração do mundo”, uma Igreja que acolhe a todos, e ter um coração fraterno que acolhe os crucificados de hoje, refletindo sobre o sofrimento das mulheres e a necessidade de entender que “fazer o caminho sinodal é ser pobre com os pobres e não para os pobres”.
Diante de tantas coisas bonitas que existem na Igreja, a presidenta do laicato no Brasil fez um chamado a ser cireneus, a “criar ou fortalecer uma rede da sinodalidade que acolhe, que reza, que ajuda”. Uma Igreja que respeita a cultura dos povos indígenas e comunidades tradicionais, com uma liturgia mais próxima de sua realidade, com uma presença mais acolhedora para com aqueles que são descartados.
Finalmente, mostrou a necessidade de “uma Igreja que precisa que cativemos mais pessoas, Igreja do encantamento que leva a entender que eles também são testemunhas do Ressuscitado, Igreja da Esperança, Igreja profética que entra nos porões onde a vida está ameaçada, Igreja da partilha da Eucaristia, Igreja da Pertença. “A Igreja que o Espírito nos impele a mostrar Jesus”, destacou.