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“Na velhice não me abandones” (Sal 71,9). 

Querido vovô e querida vovó. Como todos nós, também Jesus teve São Joaquim e Sant’Ana como avós, porque são os pais de Maria, a Mãe de Jesus. A presença dos avós em nossa vida dá a sequência natural da transmissão da vida, de geração em geração. Para além desta prerrogativa, os avós são alegria, ternura, bondade e sabedoria somada ao longo dos anos, adquirida com a própria experiência. 

Como a vida ensina, os avós aprendem e guardam o conhecimento, transformando-os em mestres da sucessão do conhecimento. Não reservam para si, antes partilham através de seu próprio jeito de ser e de viver. A paciência, outra característica dos avós, leva a uma vida longa e feliz. A sabedoria dos ancestrais é repassada nas rodas de amigos e familiares, contada de maneira falada. 

Entre os povos originários, os povos indígenas, bem como os povos ribeirinhos, esta prática continua como fonte universal de conhecimento. Mitologia, lendas e histórias são contadas ao redor do fogo. Contaram-me nesta semana os ribeirinhos que ainda fazem esta prática ecoar como bem viver nesta Querida Amazônia. Apagam as luzes das casas, acendem o fogo no centro da comunidade, e os avós são os convidados especiais para contar as histórias antigas para as novas gerações. Os jovens e as crianças, por sua vez, escutam com reverência e respeito. Fazem perguntas e o livro da vida se abre em todas as páginas. 

O lugar dos avós é o lugar do amor, do respeito, da nossa reverência. É tempo de amá-los e cuidá-los enquanto ainda é tempo. Dizer obrigado aos avós, abraçá-los e viver para nós mesmos. Amanhã, tão logo, seremos eles de hoje. Parabéns, querido vovô e querida vovó. Perdoem-nos pelo descaso, pelo abandono. Superemos a indiferença e a sociedade que descarta os sábios que fazem a história. Não permita Deus que os deixemos sós ao seu ocaso; antes, sejamos próximos na verdadeira amizade e respeito. 

“Neste IV Dia Mundial a eles dedicado, não deixemos de mostrar a nossa ternura aos avós e aos idosos das nossas famílias, visitemos aqueles que estão desanimados e já não esperam que seja possível um futuro diferente. À atitude egoísta que leva ao descarte e à solidão, contraponhamos o coração aberto e o rosto radioso de quem tem a coragem de dizer não te abandonarei! e de seguir um caminho diferente.”   

(Papa Francisco – 2024) 

Abraços do coração, 

Dom Neri José Tondello  
Bispo de Juína 

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