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A figura de irmã Dorothy Stang é um símbolo de coragem, fé e compromisso com os mais vulneráveis. Religiosa estadunidense da Congregação de Nossa Senhora de Namur, Dorothy foi brutalmente assassinada em 2005, em Anapu, no Estado do Pará, por sua incansável luta pelos direitos dos pobres e pela preservação da Amazônia. Agora, sua memória será honrada na Basílica de São Bartolomeu na Ilha Tiberina, em Roma, local que celebra os “Novos Mártires” da Igreja.

Na sexta-feira, 10 de janeiro, a Comunidade de Santo Egídio realiza uma vigília de oração em memória da irmã Dorothy. Durante a cerimônia, duas memórias preciosas serão acolhidas: um punhado de terra do local onde foi assassinada e uma camisa que usava. Esses objetos são um testemunho tangível de sua vida e martírio, lembrados no recente Sínodo para a Amazônia.

Para a Igreja Católica, o termo “mártir” refere-se àqueles que deram a vida pela fé e pelo Evangelho. O martírio é considerado a forma mais elevada de testemunho cristão, pois implica sacrificar a própria vida por amor a Deus e ao próximo. Irmã Dorothy é reconhecida como mártir por seu compromisso com a justiça social e a defesa do meio ambiente, valores profundamente enraizados no Evangelho.

Chegando ao Brasil em 1966, irmã Dorothy dedicou-se à educação e à organização das comunidades amazônicas. Fundou escolas, criou um sindicato de agricultores e ensinou técnicas de agricultura sustentável. Sua missão ia além de proteger a floresta: ela ajudava os povos originários e os agricultores a entenderem seus direitos e a viverem com dignidade.

Mas sua luta pela Amazônia atraiu a hostilidade de grandes interesses econômicos. Enfrentando madeireiros e proprietários de terras que devastavam o meio ambiente, Dorothy foi ameaçada várias vezes. Em resposta, disse com convicção: “Não fugirei e não abandonarei a luta desses camponeses que não têm proteção, no meio da floresta. Eles têm o direito sacrossanto a uma vida melhor, numa terra onde possam viver e produzir com dignidade, sem devastar o meio ambiente”.

Em 12 de fevereiro de 2005, a irmã Dorothy foi assassinada com seis tiros. Sua morte trouxe à tona as injustiças enfrentadas pelos defensores da Amazônia e mobilizou a atenção internacional para a violência contra os que lutam por justiça socioambiental.

A vigília em sua memória, presidida por dom Fabio Fabene, arcebispo e secretário do Dicastério para as Causas dos Santos, contará com a presença de familiares de Dorothy, irmãs de sua congregação e jovens da Comunidade de Santo Egídio. Esse encontro é um convite a todos para refletirem sobre a vida e o legado da irmã Dorothy, que permanece como um exemplo de fé em ação e coragem frente às adversidades.

A memória de Dorothy Stang transcende fronteiras e nos desafia a agir em prol dos marginalizados e do planeta. Seu martírio nos inspira a construir uma sociedade mais justa, em que a vida humana e a criação sejam respeitadas e protegidas. Como ela mesma ensinou, a luta pela justiça e pela dignidade é sagrada, e sua missão permanece viva em cada pessoa que defende os direitos humanos e o meio ambiente.

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