A intensificação da agricultura, especialmente através da irrigação que utiliza águas subterrâneas, tem contribuído para mudanças nos padrões de evapotranspiração e na disponibilidade de recursos hídricos. Essas práticas agrícolas, ao extraírem volumes consideráveis de água do subsolo, não apenas reduzem os níveis dos aquíferos, mas também influenciam o clima local e regional, afetando a formação de nuvens e os padrões de precipitação.
Cientistas da NASA analisaram quase duas décadas de dados de satélite, identificando três principais mudanças no ciclo da água:
- Tendências de longo prazo: diminuição dos reservatórios de água subterrânea.
- Alterações sazonais: mudanças nos padrões de estações de crescimento agrícola e derretimento de neve.
- Eventos extremos: aumento na frequência de enchentes significativas.
Além disso, o desmatamento e a urbanização descontrolada têm impactado negativamente o ciclo da água. A remoção de vegetação nativa diminui a capacidade do solo de reter água, aumentando o escoamento superficial e reduzindo a recarga dos aquíferos. A impermeabilização do solo nas áreas urbanas intensifica esse problema, contribuindo para enchentes e diminuindo a infiltração de água no solo.
A NASA, utilizando dados de satélites e modelos climáticos avançados, tem monitorado essas mudanças, fornecendo informações cruciais para a compreensão dos impactos das atividades humanas no ciclo hidrológico. Esses estudos ressaltam a necessidade urgente de adotar práticas mais sustentáveis na gestão dos recursos hídricos e no uso da terra, visando mitigar os efeitos adversos no meio ambiente e garantir a disponibilidade de água para as futuras gerações.
Essas transformações têm implicações diretas para as comunidades, afetando a disponibilidade de água potável, a agricultura sustentável e a preservação dos ecossistemas. A REPAM destaca a importância de políticas públicas que promovam práticas agrícolas responsáveis e a gestão sustentável dos recursos hídricos, visando mitigar os impactos negativos das ações humanas sobre o meio ambiente.
A preservação da Amazônia e de seus recursos hídricos é fundamental para garantir o equilíbrio climático e a sobrevivência das populações que dependem diretamente desses ecossistemas. A REPAM reafirma seu compromisso em promover a conscientização e ações concretas para a proteção da nossa casa comum.
Referências
1. NASA. (2024). Nonstationarity in the global terrestrial water cycle and its interlinkages in the Anthropocene. Proceedings of the National Academy of Sciences, 121(4), e2211143121. DOI: 10.1073/pnas.2211143121
2. Rodell, M., et al. (2018). Emerging trends in global freshwater availability. Nature, 557(7707), 651-655. DOI: 10.1038/s41586-018-0123-1
3. Famiglietti, J. S. (2014). The global groundwater crisis. Nature Climate Change, 4(11), 945-948. DOI: 10.1038/nclimate2425
4. IPCC. (2013). Climate Change 2013: The Physical Science Basis. Contribution of Working Group I to the Fifth Assessment Report of the Intergovernmental Panel on Climate Change. Cambridge University Press.