O 11º Festival de Cultura Indígena do Eware (FIE) teve início na Aldeia de Belém do Solimões, no dia 27 de janeiro de 2025, reunindo os povos Ticuna e Kokama do Brasil e da Colômbia, abrangendo os municípios de Benjamin Constant, São Paulo de Olivença e Tabatinga. Este importante encontro contou com a presença de diversas instituições nacionais e internacionais, como a FUNAI, Universidade da Flórida, REPAM, COSAMA, UNICAMP, UFAM, UEA, IDAM, SESAI, entre outras, que uniram forças para dialogar, celebrar e construir um futuro sustentável para a região.
Com o tema “Água e Mudanças Climáticas”, o festival promoveu um verdadeiro Ajuri – uma união de saberes e ações coletivas – em defesa da água e da preservação ambiental. Foram realizadas diversas oficinas educativas, onde lideranças e participantes compartilharam experiências sobre práticas ecológicas, cuidado com a natureza e estratégias para enfrentar os desafios das mudanças climáticas. Especial atenção foi dada à conscientização sobre a importância da água, considerada um dom sagrado e essencial, especialmente diante das estiagens e secas que afetam a região.
No mesmo período, ocorreu a 8ª Assembleia Geral das Cacicas e Caciques do Eware I, Eware II e Feijoal, que reafirmou a luta pela defesa dos territórios indígenas e pela segurança das comunidades. As lideranças presentes destacaram as constantes ameaças enfrentadas, clamando por uma resposta urgente de órgãos como o IBAMA e as forças de segurança para proteger suas aldeias de invasões e perigos iminentes. A presença da FUNAI de Brasília e de instituições internacionais foi celebrada como um sinal de esperança e reconhecimento da importância desses territórios e povos para a preservação da Amazônia e do planeta.
O festival também abordou questões sociais sensíveis, como a luta contra o alcoolismo e as drogas, buscando soluções integradas que respeitem a cultura indígena e promovam o bem-estar das comunidades. Jovens e mulheres assumiram um papel de protagonismo, com destaque para o trabalho incansável da ADACAIBS e do grupo Mulheres da Mapana, que organizaram o evento com dedicação e liderança.
O 11º FIE é mais do que uma celebração cultural; é um grito de resistência e esperança em tempos de crise climática. É um chamado para todos, indígenas e não indígenas, a unirem esforços em prol da ecologia integral e do cuidado com a “Irmã Água”, como nos recorda a Encíclica Laudato Si’.
A REPAM, como sempre, caminha ao lado dos povos da Amazônia, reforçando seu compromisso em amplificar suas vozes e articular redes que defendam a vida, o território e a dignidade das comunidades indígenas.
Parabéns a todas as lideranças, parceiros e instituições envolvidas por fazerem deste evento uma inspiração para o presente e uma semente de transformação para o futuro.
“O clamor da terra e o clamor dos pobres são o mesmo clamor!”