No 11º Dia Mundial de Oração e Reflexão contra o Tráfico de Pessoas, realizado em 8 de fevereiro, unimo-nos em solidariedade e ação contra uma das formas mais cruéis de violação dos direitos humanos. Em 2024, segundo dados do Ministério dos Direitos Humanos, o Brasil registrou 1 caso alarmante de tráfico humano por dia, evidenciando a gravidade desse crime que afeta milhões globalmente, especialmente mulheres, crianças, migrantes e refugiados.
Como destacou a irmã Rose Bertoldo, do Grupo de Mulheres da REPAM-Brasil e secretária executiva do Regional Norte I da CNBB, este dia não apenas lança luz sobre o problema, mas também nos convoca a agir. “O tráfico humano abrange formas ocultas de exploração, desde a exploração sexual até o trabalho escravo e a venda ilegal de órgãos. A vulnerabilidade social muitas vezes coloca as pessoas em maior risco, tornando-as alvos fáceis para os traficantes.”
A fala da professora Márcia Oliveira também nos traz uma reflexão importante sobre essa questão, especialmente no contexto da Amazônia e suas fronteiras. Doutora em Sociedade e Cultura na Amazônia, Márcia enfatiza a gravidade do tráfico de pessoas, uma grande economia mundial baseada na exploração, violação sexual e sofrimento humano. Para ela, mais do que em qualquer outro momento da história, a sociedade e a igreja precisam estar atentas a essa questão e trabalhar para prevenir, combater e criar condições para que as pessoas não se tornem vítimas desse crime. A oração, como destaca, é um primeiro passo fundamental, pois sensibiliza e coloca todos em sintonia com a defesa da vida, orientando-nos a agir na prevenção e no enfrentamento dessa violação dos direitos humanos.
Ela ainda ressalta: “O tráfico de pessoas virou uma grande economia mundial, baseada no crime, na injustiça, no sofrimento e na exploração das pessoas, na violação sexual, na violação da dignidade humana. Então, mais do que em outros tempos, precisamos, como igreja, como sociedade, estar mais atentos e sensíveis a esse tema, trabalhando no enfrentamento, no combate, na prevenção, na orientação, mas, acima de tudo, criando condições para que as pessoas não se submetam ao tráfico, não sejam enganadas, não se sujeitem a trabalhos degradantes, análogos à escravidão, não percam sua dignidade.”
As fronteiras da Amazônia estão terrivelmente afetadas pela atuação de redes especializadas no contrabando de imigrantes e no tráfico de pessoas, ferindo a dignidade e roubando a esperança de tantas pessoas em todo o planeta. Mas, de modo muito especial, devemos estar atentos ao que ocorre nas fronteiras da Amazônia. Daí a importância da Repam também assumir essa pauta, estando nessa luta, no combate a esse crime, que é uma violação terrível dos direitos humanos.
A campanha deste ano, sob o tema “Embaixadoras da Esperança”, destaca a importância da prevenção e da conscientização. Através da operação e da mobilização global, buscamos não apenas dar visibilidade a essas atrocidades, mas também promover ações concretas para proteger os vulneráveis e combater o tráfico de pessoas em todas as suas formas.
É essencial denunciar quaisquer suspeitas de tráfico humano através dos canais adequados, como o Disque 100 – Direitos Humanos ou Disque 180. Somente através do esforço conjunto, incluindo organizações como a Rede Um Grito Pela Vida e outras instituições engajadas, podemos fazer a diferença e oferecer esperança às vítimas.
Neste Dia Mundial de Oração e Reflexão, unamo-nos em solidariedade, fortalecendo nosso compromisso de não apenas orar, mas também agir contra o tráfico de pessoas, protegendo os mais vulneráveis e defendendo a dignidade de todos os seres humanos. Como Márcia ressaltou, a oração é o ponto de partida, mas precisamos avançar com ações concretas que realmente transformem a realidade, combinando cuidado com os afetados e o combate a essa violação sistêmica.