Por décadas, a devastação da floresta amazônica foi considerada um problema fora de controle. Hoje, no entanto, estudos recentes apontam uma tendência de redução no desmatamento, resultado da implementação de mecanismos mais eficazes de monitoramento e fiscalização, além do avanço de pesquisas científicas inovadoras.
Uma dessas pesquisas, destacada na edição de janeiro de 2025 da revista Nature Sustainability, traz uma solução inédita para rastrear e conter a extração ilegal de madeira no Brasil. O estudo propõe a integração de dados dos sistemas de controle já existentes, criando redes de comércio de madeira que permitam identificar operações irregulares e rastrear cadeias de suprimentos suspeitas. Com isso, é possível reforçar a transparência do setor madeireiro e aumentar a confiabilidade na legalidade dos produtos comercializados.
“A tecnologia é a maior aliada no combate ao desmatamento da Amazônia. Não há estrutura dos órgãos ambientais para estar em campo todos os dias”, declara Felício Pontes, procurador regional da República e assessor da REPAM-Brasil.
Apesar dos avanços, o desmatamento ilegal ainda representa uma ameaça significativa à floresta e às populações que nela vivem. Líderes religiosos, que há anos denunciam a degradação ambiental e seus impactos sociais, reforçam a urgência de ações concretas para garantir a preservação do bioma.
A Diocese de Juína, na região noroeste do Mato Grosso, é a diocese mais amazônica, reafirma seu compromisso com a defesa da Amazônia, entendendo que a proteção desta posição da casa comum é uma responsabilidade de toda a sociedade, destaca Dom Neri José Tondello Bispo de Juína. “É fundamental cultivar uma cultura de conscientização e prevenção, que antecipe os danos ambientais em vez de apenas reagir a eles. Nós, enquanto Igreja e sociedade, mantemos a vigilância e promovemos um modelo de cuidado que respeite a criação e assegure um futuro sustentável para as próximas gerações.”
“A partir dos impactos que já temos, que são tantos, é preciso buscar uma conscientização maior, porque as pessoas só se dão conta do estrago quando faltam as necessidades básicas, como a água. Então, estamos aqui para somar e manter nossa vigilância, cuidando da Amazônia em todos os sentidos. Precisamos desenvolver uma consciência e uma cultura ao fogo, especialmente no Mato Grosso, onde o uso do fogo está fortemente ligado ao desmatamento ilegal. Defender a floresta é defender a vida, e essa responsabilidade é de toda a sociedade”, completa Dom Neri.”
A preservação da Amazônia não é apenas uma questão ambiental, mas também social, econômica e espiritual. O caminho para um futuro sustentável exige o fortalecimento da fiscalização, o investimento em ciência e tecnologia e o compromisso coletivo de governos, empresas e sociedade civil.