O seminário “Articulação de Movimentos Populares e Mobilização dos Povos da Amazônia rumo à COP-30”, organizado pela Mobilização dos Povos pela Terra e pelo Clima rumo à COP-30, articulação da REMA-Brasil, aconteceu nos dias 13 e 14 de fevereiro em Belém. O evento emergiu como um espaço crucial de diálogo e reflexão sobre a urgência das questões climáticas e os impactos que afetam diretamente as comunidades da Amazônia. Em um momento de grandes desafios e transformações, a mobilização visa fortalecer a identidade das comunidades tradicionais e das organizações sociais que, desde o início, se uniram para reivindicar não apenas a preservação ambiental, mas também o direito de serem ouvidas nas esferas de decisão que moldam o futuro da região.
“Desde a criação do projeto, buscamos estabelecer uma identidade própria que reflete as necessidades e as vozes dos povos da Amazônia”, destaca Mayra Lima, comunicadora da Mobilização. O lançamento da mobilização, realizado em maio do ano passado, foi um marco importante, reunindo líderes comunitários, representantes de organizações sociais e a imprensa para dar visibilidade a essa articulação. “Foi um momento significativo para reforçar o poder de comunicação de movimentos populares, destacando a importância de uma articulação independente, mas conectada à Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM), que trabalha em defesa da região”, completa.
Nossa atuação se estende para além da comunicação, abrangendo o fortalecimento da rede de parceiros e o apoio a ações coletivas nas regiões da Amazônia. Participamos de importantes eventos como o Arraial da Fabulagem, as formações regionais e a Cúpula dos Povos, onde continuamos a articular ações, construir estratégias e expressar as demandas de nossas comunidades.
A mobilização também inclui a escuta atenta às vozes dos territórios. Encontros como o “Encontro das Águas” e o “Encontro de Bacias” têm sido fundamentais para alinhar as questões climáticas com as realidades locais, reforçando as denúncias e as necessidades das comunidades diante de ameaças como o avanço do agronegócio, a destruição de territórios e a precarização dos direitos.
“Ao longo do processo, nosso foco tem sido democratizar o acesso à informação e promover a participação das comunidades na definição dos rumos de nossa luta. Realizamos formações virtuais e presenciais, alcançando um público significativo e fortalecendo nossa rede de apoio e colaboração”, ressaltou Joana Menezes, articuladora do movimento.
As conversas nos grupos de trabalho visam identificar as principais ameaças que os territórios da Amazônia enfrentam, como a crise climática, os conflitos de terra e os impactos dos grandes projetos de infraestrutura. Além disso, queremos destacar as necessidades urgentes dessas comunidades, como a garantia de direitos territoriais, o respeito às culturas tradicionais e a implementação de políticas públicas eficazes para o enfrentamento da pobreza e da desigualdade social.
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“A participação ativa de todos é fundamental, não apenas para gerar soluções, mas também para reforçar a importância da Amazônia na agenda internacional de mudanças climáticas. Queremos que a COP-30 não seja apenas um evento de diplomacia, mas sim um espaço de debate genuíno sobre os direitos dos povos da Amazônia e as ações concretas que precisam ser tomadas para preservar nossa casa comum”, destacou Eduardo Soares, secretário da Mobilização dos Povos pela Terra e pelo Clima.
Dessa forma, o seminário se configura como um espaço para intensificar esse processo de articulação, promover a troca de saberes e, principalmente, criar uma agenda comum que fortaleça a luta pela justiça climática e pelos direitos dos povos da Amazônia. A participação de todos os envolvidos é essencial para que possamos construir soluções coletivas, que se originam no coração da Amazônia, e que ganhem visibilidade e apoio em espaços como a COP-30.