Reconhecida pela atuação em apoio às comunidades e grupos humanos que são impactados pelas operações do Projeto Carajás, da mineradora brasileira Vale, e negócios correlatos que estão na cadeia de siderurgia e mineração na região do Pará e do Maranhão, a Rede “Justiça nos Trilhos” recebeu hoje (27), na Suíça, o Prêmio Direitos Humanos e Empresas.
Concedido pela Fundação Direitos Humanos e Empresas (Human Rights and Business Award Foundation), a premiação foi realizada durante o Fórum das Nações Unidas sobre Empresas e Direitos Humanos, em Genebra. “Lançamos este prêmio anual para reconhecer ‘o trabalho de maior destaque realizado pelos defensores de direitos humanos, ao tratar dos impactos causados pelas empresas A Justiça nos Trilhos simboliza este grupo, que há anos trabalha de maneira rigorosa e consciente em circunstâncias desafiadoras — sempre em estreita colaboração com as comunidades locais, cujos direitos fundamentais buscam proteger”, afirmaram os membros do conselho administrativo da Fundação, Christopher Avery, Regan Ralph e Valeria Scorza, em um comunicado conjunto sobre a premiação.
A Rede Justiça nos Trilhos foi fundada em 2007 e desde o principio tem se dedicado prioritariamente pelo trabalho em nível local, junto com as comunidades impactadas no Maranhão e Pará. De acordo com Danilo Chammas, advogado da Rede que recebe o prêmio em nome da organização, “o prêmio é um grande reconhecimento por todo o trabalho, não só da equipe, mas da luta incansável de todas as comunidades, também outros parceiros, defensores e defensoras de direitos humanos e da natureza, no Brasil e outros países”.
Escolhida entre 14 organizações, para Chammas a premiação ocorre num momento importante. “Esse prêmio chega num momento em que o trabalho dos defensores de direitos humanos vem sendo bastante questionado, atacado, restringido, não só no Brasil – que é um dos países que mais mata defensores de direitos humanos – mas também outros países da América Latina e do mundo. Por isso, também, significa a valorização desse trabalho que é essencial para o fortalecimento da democracia e da justiça nos nossos países”.
Danilo destaca que as ameaças aos território têm acontecido não só no Corredor de Carajás, mas em toda a Amazônia e que, por isso, o prêmio se torna importante na visibilidade que gera pra toda a luta. “Igualmente, as ameaças que tem sido feita em relação à Amazônia, nas terras indígenas, nas unidades de conservação, a intenção dos grupos econômicos no Brasil é de converter essas áreas em territórios disponíveis para a mineração, para o agronegócio, para grandes projetos de energia, o que também faz com que esse prêmio chegue num momento importante e adequado, na medida em que temos realmente essa grande preocupação e imaginamos que a tendência é de que os conflitos na região aumentem muito no próximo período”, afirmou. “Por tudo isso nos sentimos orgulhosos, mas ao mesmo tempo, nos manteremos atentos, fortaleceremos o nosso trabalho na defesa das comunidades, das populações na Amazônia oriental”, concluiu o advogado da Rede.