O II Fórum Internacional sobre a Amazônia/FIA teve início nessa terça feira (04) no auditório da Faculdade de Saúde da Universidade de Brasília/UnB. Uma mesa de abertura, dois painéis temáticos, feira de produtos amazônicos e abertura da exposição Chico Mendes foram as atividades realizadas nesse primeiro dia de evento, que tem por finalidade ampliar os olhares sobre a Amazônia Brasileira e Continental.
A abertura da atividade contou com o lançamento do documentário da TV UnB “Vivências Amazônicas”, resultado da expedição realizada com alunos e professores da Universidade, em 2018, pela Amazônia de um projeto interdisciplinar do Neaz. O documentário que reúne relatos e experiências vividos ao longo de 20 dias de atividade está dividido em seis episódios, dos quais apenas o primeiro foi exibido no FIA.
Logo em seguida, na mesa de abertura da atividade organizada pelo Núcleo de Estudos Amazônicos/Neaz da UnB, o II FIA reuniu representantes da universidade, organizações sociais, movimentos e instituições, como a Associação dos Povos Indígenas do Brasil/APIB, Via Campesina, Conselho Nacional das Populações Extrativistas, Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura, entre outras, que contribuíram para a realização do Fórum. A Rede Eclesial Pan-Amazônica esteve presente na mesa e foi representada pelo bispo da Prelazia do Marajó, Dom Evaristo Spengler. Em seguida, os participantes seguiram para o Ministério do Meio Ambiente e, em conjunto com outras organizações e movimentos sociais e populares, deram um abraço simbólico ao prédio da instituição como um gesto de cuidado e pedido de maior comprometimento da pasta com o meio ambiente.
Durante a tarde desse primeiro dia, foram realizados dois painéis temáticos. O primeiro discutiu a “Amazônia num contexto global” e teve na mesa, além de Dom Evaristo Spengler, o engenheiro ambiental e membro do Ministério Ecossocialista da Venezuela, Dr. Ermis Lara, e o professor da Universidade Central de Cuba, o historiado Ivan Santos Vítores.
O bispo da prelazia do Marajó, representante da REPAM no Fórum, apresentou um panorama geral sobre a atual situação da Amazônia, a partir da experiência vivida por ele. De acordo com Dom Evaristo, dois projetos estão em conflitos na região e precisam de atenção, de um lado o modelo predatório e, do outro, o modelo do Bem Viver. “Desde o início de sua colonização a Amazônia é explorada pela ação de grupos inescrupulosos, que visam o lucro e o aumento do capital, contrariando a lógica do Bem Viver dos povos originários e de populações tradicionais, que mantem uma relação de respeito e de interdependência com o cosmos”, destacou Spengler.
“A Amazônia chama a atenção do mundo, sobretudo com as iniciativas da Igreja em defender a vida em suas múltiplas formas e, sobretudo o direito dos pobres, que neste sistema capitalista são considerados empecilhos para o desenvolvimento.” – Dom Evaristo Spengler
O segundo painel, que refletiu sobre os conflitos socioambientais na Amazônia teve como debatedores o Procurador Regional da República, Dr. Felício Pontes, o Coordenador das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileia/COIAB, Kleber Karipuna, e o professor da Universidade Nacional da Colômbia, Dr. Carlos Gilberto Zárate Botia.
Para Manoel Andrade, coordenador do Neaz, o Fórum Internacional da Amazônia tem crescido e se tornado uma atividade importante na agenda da Universidade porque consegue trazer para a academia a realidade dos povos da Amazônia. “É importante aproximar os professores, os estudantes e a própria cultura da Universidade com essa cultura da floresta, unir essas duas realidades que não estão separadas, mas que, por vezes, as instituições as dissociam, sem perceber, e quem acaba tendo prejuízo é o povo”, apontou Manoel.
As atividades culturais encerraram o dia de programação do FIA com a abertura da “Exposição Chico Mendes: herói do Brasil”, que fica até o dia 15 desse mês na galeria da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UnB, e a exibição do filme “Empate”, dirigido pelo cineasta Sérgio Carvalho.