Uma celebração de formação e envio, realizada de forma virtual, nesta terça-feira (06) à noite, marcará a finalização do processo formativo de multiplicadores da Campanha A Vida por um Fio de Autoproteção de Comunidades e Lideranças Ameaçadas. O evento, em ambiente restrito aos participantes e convidados, irá reunir formandos, lideranças, tutores do curso e representantes das organizações articuladoras da campanha.
A Campanha, que é uma das respostas ao Sínodo da Amazônia, foi construída na parceria entre as Organizações da Sociedade Civil que lutam por Direitos Humanos e as Pastorais e organismos da Igreja Católica, sob a coordenação da REPAM Brasil e Comissão Episcopal Pastoral para Ação Sociotransformadora da CNBB.
O curso de multiplicadores teve início em maio deste ano e reuniu mais de 100 lideranças das comunidades da Amazônia. Pensado inicialmente para ser realizado de forma presencial, por causa dos impactos da pandemia da Covid-19, precisou ser repensado e a proposta alterada para o formato virtual, seguindo o modelo da Educação a Distância/EaD. “Transformar um seminário presencial, com toda a sua mística de compromisso e profundidade dos encontros e partilhas, numa formação virtual foi um enorme desafio. O que eram três dias, duraram mais de quatro meses”, destacou Daniel Seidel, assessor da REPAM-Brasil e um dos articuladores da campanha. “Todavia, os resultados alcançados em termos de consolidação das aprendizagens, principalmente em relação às Políticas de Proteção a defensoras e defensores ameaçados, e aos instrumentos práticos para promover e fortalecer a autoproteção, como a análise de risco e a elaboração de estratégias de proteção, valeram a pena”, afirmou Seidel.
Desde maio, foram realizados 5 módulos com os temas: O Que é a Campanha “A vida por um fio” de Autoproteção de Comunidades e Lideranças Ameaçadas?; Um olhar de Amor – A vida ameaçadas nos territórios; Bíblia e Direitos Humanos; Mecanismos e estratégias individuais e comunitárias de autoproteção de forma não violenta; Como articular a Campanha “A vida por um fio” nos territórios. “Quando nos deparamos com o desafio de encontrar uma solução para promover a educação a distância, vimos que a nossa experiência, enquanto Centro Popular de Formação “Vida e Juventude”, poderia ajudar muito porque há mais de uma década já utilizamos a plataforma Moodle, como software livre para promover educação popular pela internet”, explicou Jussara Seidel, responsável pelo processo pedagógico da formação.
Ainda, de acordo com Jussara, foi preciso se reinventar, “utilizando as videoconferências pelo ZOOM, transmitindo pelo Youtube, visto que promovia o encontro entre todos os participantes. Além disso, realizamos uma capacitação rápida para “facilitadores populares em Educação a Distância” e foi fundamental a colaboração das entidades promotoras da Campanha A vida por um Fio, mobilizando facilitadores/as voluntários, os conteúdos para cada Módulo”.
Os participantes foram indicados pelas organizações, pastorais e movimentos que atuam na defesa de direitos humanos, bem como lideranças que trabalham na proteção das comunidades. “A cada semana fizemos reuniões pedagógicas para pautar a interação e a valorização dos saberes como algo fundamental, entre tantas outras iniciativas. Atuamos efetivamente como ‘rede’ para superar os desafios: dificuldade com a internet, sobrecarga de trabalho dos participantes, adaptação ao isolamento físico, por causa da pandemia. E os resultados, pela minha experiência em EaD, superaram os resultados tradicionais das universidades, pois contaram com o ingrediente do compromisso militante das pessoas que participaram da formação”, concluiu a pedagoga.
Segundo Daniel Seidel, as pessoas que participaram da formação avaliam que conquistaram um nível de entrosamento, partilha de experiências e articulação que vai contribuir para a realização da campanha na prática. “Não se fez apenas formação, mas também se organizou e espalhou a campanha pelos territórios das comunidades e lideranças ameaçadas”, afirmou o articulador.
A celebração de formatura e envio será realizada a partir das 20 horas. Na oportunidade, como gesto de envio, cada participante irá plantar uma semente, própria da sua região, para cuidar dela. Em outra oportunidade, de partilha dos trabalhos desenvolvidos nas comunidades as plantas que germinarem serão apresentadas pelos multiplicadores. “Esse plantio simbolizará a Campanha no cuidado com a vida das pessoas, das comunidades e com o meio ambiente”, explicou a coordenação do curso.