Ao redor da mesa da Eucarística, na manhã dessa terça-feira (16/07), os 23 bispos, 5 membros do Conselho Pré-Sinodal, assessores e especialistas convidados iniciaram o Seminário de Estudo do Documento de Trabalho do Sínodo para a Amazônia, no Centro Cultural Missionário, em Brasília. O objetivo da atividade é aprofundar as reflexões e elaborar propostas concretas e fundamentadas em vista da Assembleia Sinodal de outubro. Além dos brasileiros residentes na Amazônia, o Seminário de Estudos reúne participantes de outras regiões do país e de outros países da Pan-Amazônia.
Organizado pelo Centro Ecumênico de Serviços à Evangelização e Educação Popular/CESEEP e pela REPAM-Brasil, o Seminário tem três focos: retomar a caminhada do processo sinodal e as escutas realizadas; aprofundar algumas temáticas que merecem destaque no Documento de Trabalho do Sínodo; e realizar oficinas de redação, durante as quais os padres sinodais, com a colaboração dos assessores presentes, poderão rascunhar algumas intervenções e proposições temáticas, em vista do debate no Sínodo.
“Este encontro é importante porque nos permite sonhar com uma Igreja mais encarnada, que não tem medo de encarar os desafios que a Amazônia enfrenta, que se propõe a dialogar com as diversidades variadas desse imenso território”, afirmou Dom Adriano Ciocca, bispo Prelado de São Félix do Araguaia, um dos organizadores do evento, na abertura do Seminário.
Na primeira parte da manhã, a professora Márcia Oliveira, assessora da REPAM-Brasil e uma das especialistas que participou da elaboração do Documento Preparatório e do Instrumentum Laboris, juntamente com o secretário executivo da REPAM, Maurício Lopez, fizeram a memória do processo de preparação sinodal. “Estou bem satisfeito e agradecido que mesmo sendo um documento incompleto, os povos se reconhecem nele (Instrumentum Laboris). Agora, no Sínodo, é momento de defendermos a voz de Deus que veio por meio dos povos”, afirmou Maurício.
Cenários socioambientais e políticos na Amazônia, uma terra em disputa: desafios enfrentados e papel dos povos indígenas, nas aldeias e nas cidades foi o tema da fala de Eduardo Viveiros de Castro, antropólogo e professor do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro, na segunda parte da manhã do Seminário. Entre as reflexões levantadas pelo especialista, ele conversou com os participantes sobre a vida das comunidades da Amazônia, levantando questões que afetam diretamente as tradições dos povos e o modo de vida e desenvolvimento.
“Existe vida fora do capitalismo, ao contrário do que se pode imaginar. Se não realmente, ao menos moralmente”, afirmou o professor Eduardo. E acrescentou, “pobre é uma categoria de privação. Os índios não são pobres, mas são pauperizados. Querem fazê-los pobres para, só depois, darem a eles o título de cidadãos brasileiros”, destacou Viveiros criticando o atual modelo de desenvolvimento e a sociedade brasileira.
Durante a tarde, os participantes do Seminário farão debates em grupos sobre o Instrumentum Laboris, buscando identificar possíveis carências ou imprecisões no material. No final do dia, o padre José Oscar Beozzo partilhará experiências de processos anteriores do Concílio, dos Sínodos e das Conferências Latino-americanas de Medellín, Puebla, Santo Domingo, Sínodo da América e Aparecida. A atividade de estudo segue até a próxima quinta-feira.
Que bom