Em um contexto em que o meio ambiente, especialmente a Amazônia, e os povos originários estão no centro do debate mundial, o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) lançará amanhã (24/9), às 14h30, o seu relatório anual Violência Contra os Povos Indígenas no Brasil – dados de 2018. O evento será realizado na sede da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em Brasília (DF).

A publicação é uma das principais referências para organizações e instituições interessadas na pauta indígena – tanto nacionais como estrangeiras, privadas e públicas – por sistematizar uma diversidade de tipos de violência. São abordadas desde as violações contra o patrimônio dos povos (suas terras, modo de vida, etc) e contra os indivíduos e as comunidades (assassinatos, ameaças, racismo, dentre outras), como violações que ocorrem por omissão do poder público (mortes por desassistência, mortalidade na infância, suicídios, etc).

Estarão presentes no lançamento do relatório: Dom Roque Paloschi, presidente do Cimi e arcebispo de Porto Velho; Antônio Eduardo Cerqueira de Oliveira, secretário executivo do Cimi; Roberto Liebgott, coordenador do Cimi Regional Sul e um dos organizadores do relatório; e Padre Dirceu de Oliveira Medeiros, Sub-Secretário Geral da CNBB, além de uma liderança do povo Pataxó.

O relatório apresenta uma extensa lista da situação das 1.290 terras indígenas no Brasil: desde as que já foram registradas às homologadas, declaradas, identificadas, a identificar e as que estão sem qualquer tipo de providência por parte do Estado brasileiro.

“Demarcadas ou não – em sua quase totalidade, as terras indígenas encontram-se invadidas, depredadas e em processo de profunda devastação. Há, também, a inaceitável condição de centenas de comunidades indígenas que vivem sem terra, nas margens de rodovias ou acampadas em diminutas parcelas de terras estaduais ou municipais, em áreas degradadas e contaminadas pela poluição ou por agrotóxicos. Setores econômicos pressionaram as autoridades para que as terras indígenas fossem disponibilizadas aos vorazes anseios de lucratividade de um mercado predador”, analisam Roberto Liebgott e Lúcia Rangel, organizadores da publicação, na Introdução do Relatório.

Para aprofundar a reflexão

Artigos sobre alguns temas específicos estimulam um aprofundamento da reflexão sobre a violenta realidade enfrentada pelos indígenas no Brasil. Dentre eles estão a situação de iminente genocídio do povo Karipuna (RO); a migração dos Warao – segundo povo indígena mais numeroso da Venezuela – para os estados do Norte do Brasil; a vida precária dos Guarani Mbya nos acampamentos nas beiras das estradas na região Sul do país; a vulnerabilidade dos povos indígenas livres, que não têm contato com a sociedade envolvente; a impunidade dos “crimes de tutela” contra centenas de povos indígenas, praticados pelos próprios representantes do Estado brasileiro que eram encarregados de protegê-los; e a execução orçamentária das políticas indigenistas.

Durante o lançamento do relatório, também será divulgada a atualização da plataforma Caci –Cartografia de Ataques Contra Indígenas, um mapa digital dos assassinatos de indígenas no Brasil, com os dados referentes ao ano de 2018.

 

Com informações da Assessoria de Comunicação do Cimi

 

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