Desde 1973, a arquidiocese de Porto Alegre envia missionários, entre padres e seminaristas, para a diocese do Xingu – Altamira, no Pará. Prestes a completar 50 anos de cooperação, dom Jaime Spengler, arcebispo de Porto Alegre e vice-presidente da CNBB e dom João Muniz, bispo da diocese de Xingu-Altamira, colocaram-se à disposição para esclarecimentos e a responder perguntas dos jornalistas acerca do projeto Igrejas Irmãs.
A coletiva de imprensa aconteceu na sexta-feira, dia 28 de janeiro, entre 10h30 e 11h30, nas dependências do centro de pastoral da diocese do Xingu-Altamira. Na ocasião, dom Jaime ressaltou o sentido de ser Igreja-Irmã:
“Na verdade, a ideia teve origem com o bispo de Caxias do Sul (D. Benedito Zorzi), na década de 1970. Dom Zorzi sugeriu que uma diocese pudesse dar apoio à outra com menos recursos. Assim, muitas dioceses assumiram o compromisso de cooperar com a região da Amazônia, Norte e Nordeste do país. É verdade que também no Sul nós, hoje, sentimos uma carência de ministros ordenados, mas isso não é impeditivo para seguir ajudando”, afirmou o arcebispo.
O padre João Carlos Andrade Silveira, conhecido por padre Joca, que esteve em missão na diocese do Xingu-Altamira durante cerca de quatro anos, retornou junto a dom Jaime para Porto Alegre no sábado (29). “Certamente a gente volta com uma visão mais enriquecida sobre a missão, mas a grande palavra que fica é de gratidão. E não é um adeus para sempre; em breve espero poder voltar, especialmente para o centenário de São Sebastião”, observou padre Joca, além de demonstrar alegria e esperança de continuidade em tão estimado projeto.
Juntamente ao padre Tiago, está o seminarista Darlan Schwaab, da arquidiocese de Porto Alegre, que vivenciará seu ano pastoral e preparação ao diaconato em missão. Ambos desempenharão o serviço pastoral na paróquia São Braz, em Porto de Moz.
Durante a coletiva de imprensa, também compuseram a mesa, padre Alirio Bervian, um dos primeiros missionários gaúchos, vindo na década de 70; padre Fritz Satzger, alemão, Missionário do Sangue de Cristo (C.PP.S) e padre Hortencio Medeiros, natural da diocese do Xingu-Altamira. Todos sublinharam a importância da presença da Igreja no meio do povo da região amazônica, sendo, inúmeras vezes o único auxílio aos necessitados. “Quantas vezes levei mulheres grávidas ao hospital. No início, fazíamos um serviço muito social. Hoje o povo ainda fala e agradece muito à Igreja por realmente estar ao seu lado”, lembra padre Fritz.
O vice-presidente da CNBB, dom Jaime Spengler, fez questão de destacar, ainda, a visão da Conferência sobre o projeto de Igrejas-Irmãs:
“Como CNBB, a promoção da comunhão é a grande missão nossa como instituição. O desejo da Igreja sempre vai ser o cuidado e a promoção da vida para que todos tenham vida e vida em abundância. Essa dedicação da Igreja nos trouxe mártires. Temos homens e mulheres que são santos, seja nessa realidade, seja Brasil afora. Não podemos esquecer os que, no cuidado com a vida, pagaram com a própria vida aquilo que anunciavam e viviam”, ponderou Dom Jaime.
Por fim, dom João apontou os dados acerca dos colaboradores dessa missão na diocese do Xingu-Altamira. “Além de Porto Alegre, temos outras dioceses que colaboram conosco: Mariana, Belo Horizonte, Maranhão, arquidiocese de Maceió, Missionários do Sangue de Cristo – que são os pioneiros nessa região –, além dos Missionários do Verbo Divino”.
Estiverem presentes no evento as retransmissoras TVs SBT, Record e Band, além do veículo digital Voz do Xingu.
Confira as fotos do momento no facebook da diocese de Xingu-Altamira (AQUI).
Projeto Igrejas Irmãs
O Projeto Igrejas Irmãs foi criado pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) em 1972. Ele é uma resposta ao apelo dos bispos da Amazônia, reunidos em Manaus naquele ano.
A arquidiocese de Porto Alegre aderiu ao projeto e, em 1973, abraçou a então Prelazia do Xingu, enviando três padres: padre Léo Schneider, que permaneceu por 12 anos; padre Oscar Führ, que faleceu de câncer no Xingu em 2004 e foi sepultado na Transamazônica; e padre Alírio Bervian, que chegou em Altamira em 1973.
Desde 2017, a missão também conta com o padre João Carlos Andrade da Silveira, da Paróquia Santa Luzia – Anapu. Ao longo destes quase 50 anos, o projeto nunca foi interrompido. Vários padres, seminaristas e congregações religiosas doaram preciosos anos a serviço desta missão. Eles foram e são sempre apoiados pelas orações e coletas da arquidiocese de Porto Alegre.
*CNBB com informações do seminarista Darlan Schwaab.