A expressão é da profa. Dra. Márcia Maria de Oliveira da Universidade Federal de Roraima (UFRR), durante a Coletiva de Imprensa, realizada pela Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM-Brasil), na manhã desta terça, 05 de abril, para lançar o IV Encontro da Igreja Católica na Amazônia Legal que acontecerá de 6 a 9 de junho deste ano, por ocasião dos 50 anos do Documento de Santarém (1972 – 2022).
De acordo com Márcia Oliveira ao decidir se fazer carne e armar a tenda na Amazônia, a Igreja não fez apenas uma opção preferencial pelos pobres orientada por Medellín, mas se comprometeu em organizar interna e internacionalmente um posicionamento firme em defesa dos povos da Amazônia.
Ao decidir se fazer carne e armar a tenda na Amazônia, a Igreja não fez apenas uma opção preferencial pelos pobres orientada por Medellín, mas se comprometeu em organizar interna e internacionalmente um posicionamento firme em defesa dos povos da Amazônia.
Ainda, na opinião da socióloga o Encontro de Santarém de 72, reconheceu o protagonismo dos povos indígenas na defesa da Amazônia, assumiu os sofrimentos dos povos seringueiros, dos povos indígenas, dos povos amontoados nas periferias das grandes cidades, dos povos negros e quilombolas, migrantes e refugiados, o que significa, o rosto eclesial reassumido pelo Sínodo da Amazônia.
Cinquenta anos após o Documento de Santarém, a Igreja enfrenta, segundo ela, imensos desafios: a migração e o refúgio, toda sorte de crime e violência. “O acampamento de mais de 8 mil indígenas em Brasília em defesa de seus direitos é uma prova de que os desafios à missão da Igreja continuam 50 anos depois”, enfatiza.
A professora Márcia destacou, ainda, alguns pontos importantes apresentados no Sínodo e no Documento de Santarém/72, que poderão influenciar significativamente as decisões do próximo Encontro de junho:
O Sínodo para a Amazônia: um diagnóstico preciso
O Sínodo apontou para um diagnóstico profundo e preciso de todos os desafios vivenciados na Amazônia e indicou novas metodologias pastorais de modo especial, aquelas metodologias que priorizam uma descolonização das práticas pastorais, um novo olhar sobre as liturgias, as quais precisam ser encarnadas na realidade amazônica, a partir da dimensão da interculturalidade, do protagonismo dos povos indígenas e ao mesmo tempo retomar todas as lutas em defesa da Amazônia, em defesa do bioma, do ecossistema e, de igual relevância, o lugar das mulheres nessa missão eclesial.
…Aquelas metodologias que priorizam uma descolonização das práticas pastorais, um novo olhar sobre as liturgias, as quais precisam ser encarnadas na realidade amazônica, a partir da dimensão da interculturalidade…
O reconhecimento dos ministérios leigos
Algumas das questões mais importantes apontadas por Santarém foi o reconhecimento do ministério dos leigos e leigas; um reposicionamento diante da violência no campo; o protagonismo dos sindicatos, das associações que passaram a dar voz a esses povos e que continuam como desafios 50 anos depois.
O lugar da Vida Religiosa Consagrada
Há 50 anos, no Encontro, se reconhece o lugar profético da Vida Religiosa no território. Vale ressaltar a Vida Religiosa feminina nos confins do Amazônia, ativa e solidária. É importante lembrar que as religiosas é que testemunharam o massacre do povo Yanomami pelos garimpeiros.
Amazônia legal: o bioma da floresta
Quando falamos de Amazônia legal, estamos nos referindo a um conceito político e no campo ecológico é uma definição que tem sido usada para explicar a regulação do clima ou a crise climática que se vive no mundo inteiro. Entender a Amazônia legal é compreender o papel da floresta nessa região e, o grande desafio para Igreja é, 50 anos depois de Santarém, a agressão que se intensifica, passando a ser vista como uma mercadoria e não um elemento fundamental, por exemplo, para a reprodução das chuvas e regulação do clima em todo o Brasil. Viveremos as consequências do descuido: grandes secas, grandes inundações, desregulamento climático devido à grave agressão à floresta.
Viveremos as consequências do descuido: grandes secas, grandes inundações, desregulamento climático devido à grave agressão à floresta.
POR ROSA M. MARTINS
Comunicação – REPAM – BRASIL