Por Gilmar Correia
Retomada do projeto presencial ocorre após dois anos de pandemia e esta é a primeira vez que o projeto é realizado na Amazônia brasileira e marca a retomada da atividade no formato presencial após dois anos suspensa por conta da pandemia do COVID-19.
A iniciativa reúne lideranças de povos indígenas e comunidades tradicionais do Peru, Equador, Bolívia, Venezuela, Colômbia e Brasil e tem como objetivo principal disponibilizar aparatos educativos que auxiliem na formalização de denúncias acerca de violações dos direitos humanos ocorridos no território amazônico.
Levantamentos de órgãos de defesa da Amazônia e da imprensa nacional e internacional apontam que durante os últimos anos a violência contra populações tradicionais da Amazônia têm crescido, motivada pelo avanço de atividades como o garimpo, a pesca predatória e a mineração desenfreada, por exemplo. Tais práticas, unidas ao cenário de escassez de políticas públicas voltadas às populações tradicionais amazônicas, ampliam o número de pessoas expostas a essas violações.
Apoio à luta dos povos amazônicos
De acordo com o secretário adjunto da REPAM e doutor em antropologia Rodrigo Fadul, a importância da Escola de Direitos Humanos fica mais nítida no cenário atual, visto que é preciso reforçar os instrumentos de auxílio de luta dos povos originários e comunidades tradicionais na busca por condições dignas para sua existência, munindo os alunos participantes com ferramentas mais assertivas para garantia de seus direitos.
“O nosso compromisso com a Amazônia e seus povos faz com que a REPAM busque se articular cada vez mais através da sua rede de apoiadores para fornecer o aparato jurídico e educativo necessário aos nossos irmãos que, de alguma forma, estejam passando por esses tipos de violações. E a Escola de Direitos Humanos é um dos instrumentos que nos permite articular esforços para que as vozes dessas pessoas alcancem os devidos órgãos de proteção e defesa desses direitos”, pontuou Fadul.
No total, mais de 40 pessoas devem participar da terceira edição, entre alunos, educadores e equipe técnica nas quase 4 semanas de evento. “Serão dias de muito aprendizado e de trocas importantes para todos nós. É um momento único de integração, de acolhimento, de comunhão e de zelo pelo próximo. A REPAM segue fortemente engajada para que este continue sendo, de fato, um projeto de transformação de vidas na Amazônia”, finaliza.
A REPAM
A Rede Eclesial Pan-Amazônica, REPAM, é um organismo eclesial nascido como resultado do caminho percorrido pela Igreja Católica na Amazônia. Foi fundada em 2014 pelo Conselho Episcopal Latino-Americano (CELAM), Confederação Latino-Americana e Caribenha de Religiosas/os (CLAR), Cáritas da América Latina e do Caribe e pela Comissão para a Amazônia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Enquanto Rede, cultiva, cuida e fortalece processos horizontais com os povos e organizações eclesiais da Amazônia e de outros territórios, promovendo encontros comprometidos e sensíveis, mas que também seja capaz de mover outras esferas de conscientização e incidência.