O bispo auxiliar de Belém/PA e membro da Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil/CNBB, dom Antônio de Assis Ribeiro, fez intervenção nas atividades sinodais desta terça-feira, 8 de outubro. Dom Antônio abordou a Pastoral Juvenil na Amazônia, em consonância com os itens 16, 27, 53, 78 e 140 do Instrumentum Laboris.
Confira na íntegra o texto que baseou a fala de dom Antônio:
TEMA: A PASTORAL JUVENIL NA AMAZÔNIA
INSTRUMENTO LABORIS: N. 16, 27, 53, 78, 140
Dom Antônio de Assis Ribeiro, SDB – Bispo Auxiliar da Arquidiocese de BelémQuerido Santo Padre, estimados irmãos e queridas irmãs,
A população da Amazônia é jovem, portanto, demograficamente é a Amazônia é a região da Esperança. Todavia, somos chamados a contemplar a sua realidade infanto-juvenil. A situação é muito delicada e isso deve fazer eco no coração da Igreja Missionária.
Uma triste realidade é vivida por centenas de milhares de jovens amazônidas marcados pela pobreza, violência, doenças, prostituição infanto-juvenil, vícios, tráfico de drogas, gravidez precoce, desemprego… Por outro lado, temos ainda fenômenos como o vazio existencial, a automutilação, o suicídio, a inadequada formação profissional, a pouca afeição dos jovens para com
valores tradicionais, a perda das raízes culturais…
Lamentavelmente, nos últimos anos, houve um forte aumento da população juvenil encarcerada, bem como cresceu a criminalidade organizada entre os jovens. Esses dramas juvenis nos chamam a atenção e nos tocam profundamente porque os jovens são parte do nosso rebanho e merecem o nosso afeto e cuidado criativo.
Por detrás dessa realidade temos uma série de causas: a fragmentação da família, a ineficiência de políticas públicas preventivas, a fragilidade da educação, a insuficiente atenção do Estado à educação, a pressão sedutora das ideologias (a cultura secularista, tecnicista, presentista, imediatista, economicista e hedonista).
Diante disso é urgente a promoção de uma renovada e ousada Pastoral Juvenil.
Tudo isso constitui um sério sinal de alerta para o qual a Igreja, em razão da sua missão, não deve ficar indiferente e calada. A resposta pastoral da Igreja em relação aos problemas juvenis tem sido ainda muito tímida; essa timidez pastoral se manifesta visivelmente através de muitos fatos e situações. Há quase uma generalizada ausência de um projeto específico de evangelização das juventudes nas dioceses da Amazônia, ainda fazemos uma evangelização genérica. A evangelização dos jovens ainda está muito atrelada às atividades religiosas e litúrgicas; a renovação da pastoral juvenil parece ainda muito lenta e distante da psicologia juvenil; também há carência de visão de processos que supere a pastoral de eventos e manutenção.
É necessária uma urgente ampliação da visão do mundo juvenil e das suas necessidades, pois, ainda não há uma clara opção pela evangelização da juventude através de meios como, o esporte, as artes (música, dança, teatro), lazer e entretenimento; precisamos dar atenção para a dimensão lúdica dos jovens (cf. Christus Vivit, N. 218, 226).
Constatamos uma profunda carência de sacerdotes com especialização em pastoral juvenil nas dioceses e prelazias; muitos jovens acusam certa “carência de paternidade espiritual” nos sacerdotes, porque os percebem com pouco tino pedagógico e carentes de empatia.
Os jovens da Amazônia esperam da Igreja uma decidida opção preferencial e um forte relançamento da Pastoral Juvenil em todas as dioceses formando jovens líderes, incentivando o protagonismo juvenil, reforçando a catequese, propondo o voluntariado missionário, etc.