Apresentar a situação dos povos indígenas da Amazônia mato-grossense frente a COVID-19, sensibilizar a sociedade, discutir os e propor encaminhamentos são os objetivos da webconferência que será realizada no próximo sábado (01/08), às 15 horas do horário local (16h no horário de Brasília), com transmissão pelo Youtube da Paróquia Santa Cruz, de Alta Floresta. A atividade é organizada pela Diocese Sagrado Coração De Jesus De Sinop/MT, Rede Eclesial Pan-Amazônica – Repam/Mato Grosso e Movimento Católico Global Pelo Clima – Capítulo MT.
Participam da conferência virtual Dom Neri José Tondello, bispo da Diocese de Juína/MT, Eliane Xunakalo, da Federação dos Povos Indígenas de Mato Grosso/FEPOIMT, Ivar Busatto da Operação Amazônia Nativa/OPAN, a educadora Dineva Maria Kayabi, e José Assunção Castilho, da Fundação Nacional do Índio/FUNAI.
De acordo com a organização do evento, o contexto da pandemia pelo novo coronavírus tem afetado muito as populações em situação de maior vulnerabilidade social. Dentre estes grupos sociais, destacam-se os povos indígenas que habitam a floresta amazônica. Para os organizadores, muito embora estejam em aldeias isoladas, os contatos com a cidade para acessos aos bens de consumo e à saúde fazem com que as populações indígenas circulem nos meios urbanos, expondo-se ao contato com o vírus e a transmissão para as aldeias.
Outro elemento destacado pela organização da webconferência é o acesso de não índios nas terras indígenas é um fenômeno crescente, haja visto o potencial de recursos naturais com potencial econômico nas áreas demarcadas.
Wagner Gervázio da REPAM-MT e Movimento Católico Global pelo Clima-MT, um dos organizadores do evento, a expectativa é grande para a atividade virtual. “Estamos animados. Temos o apoio da Diocese, de lideranças indígenas e de ONGs que trabalham pela causa”, afirmou Gervázio.
População indígena de Mato Grosso
Atualmente residem no estado de Mato Grosso 45 mil pessoas distribuídas em 43 etnias diferentes (ICV). Há indícios de outros 9 povos ainda não contatados e não identificados oficialmente. As etnias dos povos originários da Amazônia mato-grossense são: Apiaká, Apyaka, Arara, Cinta-Larga, Enawene-Nawe, Guarani-Kaiowoá, Juruna, Kaiabi, Kalapalo, Kamayura, Kayabi, Kuikuru, Manoki/Irantxe, Matipu, Mebêngokrê (Kayapó), Mihinaco, Munducurcu, Munduruku, Myky, Nafuwa, Naruvuto, Panará, Rikbaktsa, Suyá/Kisedje, Tapaiuna, Tapayuna, Terena, Trumai, Trumai, Xavante(A’Uw), Waura, Yawalapiti e Yudja.
De acordo com a Plataforma de Monitoramento da Covid-19 e Povos Indígenas no Brasil realizado pelo Instituto Socioambiental (ISA),
“o acompanhamento da evolução do novo coronavírus entre as populações indígenas representa um grande desafio. Embora os números oficiais informem sobre a dinâmica de notificação, eles não refletem necessariamente a extensão da pandemia. Ademais, a falta de desagregação dos dados dificulta o reconhecimento das regiões e povos mais afetados. Outro problema grave é a ausência de dados sobre indígenas que vivem fora de Terras Indígenas homologadas, o que inclui tanto citadinos como populações que aguardam a finalização do longo processo de demarcação de suas terras.”
Segundo dados do ISA, atualizados no dia 20/07/2020, há 16.598 casos confirmados, 543 mortes de indígenas pela COVID-19 e 136 povos afetados. Um estudo feito pela Abep (Associação Brasileira de Estudos Populacionais) indicou que 57 aldeias em Mato Grosso possui índices de vulnerabilidade demográfica e infraestrutural classificados em moderado, alto, intenso ou crítico. A pesquisa considerou fatores como distância de centros com unidades de terapia intensiva (UTIs), saneamento, porcentagem de idosos na população e capacidade de manter distanciamento social.
Serviço
Webconferência: Situação dos povos indígenas da Amazônia mato-grossense frente à COVID-19
Data: 01/08/2020
Horário: 15h – horário local (16h no horário de Brasíia)