Evidenciar o papel da mulher na Igreja, propor caminhos para novos ministérios, a fim de que atuem e incidam mais nas instâncias decisórias, e resgatar a mística e a espiritualidade dos povos amazônicos em nas ações pastorais. Estes foram os apontamentos que tiveram destaque na escuta sinodal realizada com a Associação Franciscana Missionária de Leigos e Leigas Madre Bernarda (Amaber), no último sábado, 22, em Manaus (AM).

O encontro, em vista do Sínodo para a Pan-Amazônia, convocado pelo papa Francisco para outubro de 2019, teve como facilitadores Diego Aguiar e Luningning Alvarado, articuladores do Eixo Formação e Métodos Pastorais da Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM).

A escuta concluiu um processo iniciado em julho, quando a Congregação das Irmãs Franciscanas Missionárias de Maria Auxiliadora, à qual a associação é ligada, promoveu um momento de aprofundamento sobre a REPAM, a proposta do Papa Francisco de convocar um Sínodo para a Amazônia e os principais desafios missionários da Igreja território amazônico.

Durante a reunião deste último sábado, retomaram o compromisso de colaborar com o Sínodo para a Amazônia através do estudo do Documento Preparatório, na perspectiva do Olhar Amoroso, Cuidadoso e Esperançoso, e da Escuta Sinodal, respondendo algumas perguntas que constam no Questionário.

No diálogo das respostas apresentadas, relata Diego Aguar, “ficou latente para o grupo a preocupação e o empenho de evidenciar o papel da mulher na Igreja, de propor caminhos para novos ministérios, para que atuem e incidam mais nas instâncias decisórias da Igreja. E que é importante resgatar a mística e a espiritualidade dos povos amazônicos em nossas ações pastorais”.

Para Socorro Lopes, leiga missionária da Almaber, o Sínodo tem sido acolhido pelo grupo “com muita alegria e esperança”. Destaca que este momento, “nos ajudará na melhoria do processo de evangelização e será um avanço da Igreja no acolhimento das novas realidades que se inserem na região amazônica”.

A Congregação

A Irmãs Franciscanas Missionárias de Maria Auxiliadora já estão há 40 anos na Amazônia, de início atuando na prelazia de Coari (AM) e depois estendendo sua atuação para a arquidiocese de Manaus. Atuam na defesa da vida, com enfoque na saúde e educação, formação de lideranças, organização das comunidades e trabalhos sociais.

Além dos núcleos urbanos, na prelazia de Coari, realizam visitas pelos interiores colaborando na consolidação das comunidades ribeirinhas e na evangelização dessa porção do povo de Deus, que sofre ainda com a precariedade de serviços e com as grandes distâncias.

A formação bíblica também tornou-se um dos pilares da atuação da Congregação na Amazônia, conforme ressalta irmã Nilda Nair Reinehr, responsável pela formação bíblica que sempre teve grande participação das comunidades do interior.

Na arquidiocese de Manaus, iniciaram sua atuação na paróquia Menino Jesus de Praga, através da organização paroquial, formação bíblica, dando suporte ainda no Centro de Formação da arquidiocese.

 

A Associação

A Almaber, desde o ano de 2003, partilha o carisma e a espiritualidade da Congregação, através do exemplo de sua fundadora, a Santa Madre Bernarda. Ao longo dos anos vem se inserindo cada vez mais na realidade amazônica, com a atuação preferencial pelos mais pobres através da misericórdia.

O grupo é composto de mulheres que buscam a animação mútua, de respeito com o outro/outra, aprofundamento do carisma, dos documentos da Igreja, para ser sal e luz para a vida missionária que levam nas comunidades e em todos os lugares.

 

Amazônia, berço da Criação

Irmã Nilda tem um mística própria para trabalhar a histórica bíblica da Criação: “não posso deixar de ver que eu acho que foi aqui que Deus começou a criar o mundo! Porque tudo é exuberante, tudo é uma riqueza, tudo é mistério!”. A religiosa ressalta que, ao se inserir na realidade amazônica, “precisamos respeitar os processos locais, em atitude de escuta e contemplação, com vontade de aprender, para que essa realidade se impregne dentro de cada um e cada uma”.

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