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Seguindo a agenda de incidência, os bispos da Amazônia, Dom Evaristo, presidente da Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM-Brasil) e Dom Ionilton secretário da Rede realizaram nesta quarta-feira (22/11), pela manhã, audiência com no Ministério de Assistência Social e Combate à Fome. 

Dom Evaristo abriu o diálogo falando da atuação da igreja e o mapeamento das comunidades. “Os desafios são muitos, estamos vindo de um período de muita destruição, incentivada pelo garimpo e a invasão de terras indígenas. A sociedade civil e a igreja têm um papel importante em apoiar na defesa dos mais vulneráveis dos povos originários”.

O encontro foi muito receptivo pelo secretário e sua equipe. A REPAM-Brasil apresentou um levantamento das escutas dos povos sobre segurança alimentar na Amazônia e recomendações para o fortalecimento de políticas de soberania e segurança alimentar e nutricional na Amazônia. O documento traz algumas pautas emergenciais como: a vulnerabilidade dos isolados, sem acesso a água e alimentação, enorme mortandade de peixes e da produção agrícola, perdas e danos ao pescado e à pesca artesanal.  

O secretário André Quintão colocou sua equipe à disposição para abrir esse diálogo de solicitações para encaminhar ao Ministério de Assistência Social e Combate à Fome. “Temos consciência dos acontecimentos na Amazônia, e queremos mudar esse cenário, organizando e melhorando esse modelo de resposta colocando o ministério à disposição da REPAM como um canal de escuta para recebermos as necessidades da região Pan-Amazônica”, destacou o secretário Quintão.  

Grilagem de terras públicas

À tarde a programação seguiu com uma visita ao Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar. Estiveram presentes o Cardeal Dom Leonardo Steiner, arcebispo de Manaus, o presidente da REPAM-Brasil, Dom Evaristo Pascoal Spengler, o arcebispo de Palmas e vice-presidente, Dom Pedro Brito Guimarães, o bispo da Prelazia de Itacoatiara e secretário da Rede, Dom José Ionilton Lisboa. Pelo MDA, participaram o ministro Luiz Paulo Teixeira, a diretora do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), Maíra Coraci Diniz, a Diretora Governança Fundiária, Shirley Abreu, Eric Sousa Moura, Chefe da Assessoria Especial.  

Durante o encontro foram debatidos  temas como, a desordem fundiária,  expansão agrícola AMACRO (Acre, Sul do Amazonas e Rondônia) que está destruindo o bioma amazônico, o avanço da expansão agrícola da região MATOPIBAPA (Mato Grosso, Tocantins, Piauí, Bahia, Pará), os grandes desmontes e morosidade dos órgãos públicos pela defesa do bioma, dos povos e da resolução dos conflitos agrários não nos permitem enfrentar as várias pressões ilícitas; Foi discutido a necessária de garantia da demarcação das terras indígenas ainda pendentes, a crescente dos conflitos agrários que vem junto com a  criminalização das lideranças, ameaças de morte e expulsão das famílias de seus territórios, as comunidades vivem na iminência de despejos e conflitos pela posse da terra. 

O Dom Leonardo Steiner enfatizou o cenário dramático que assola o Amazonas: “vivemos hoje uma situação de calamidade por conta do garimpo ilegal, pesca predatórios, alta contaminação por mercúrio. As terras devem ser cuidadas, preservadas”. O Cardeal complementa agradecendo a recepção do ministro e de toda equipe “Em nenhum momento tivemos a possibilidade de sentar à mesa para o posicionamento da Igreja em relação aos povos Amazônidas, e agora estamos em peregrinação dialogando com os ministérios, tendo a possibilidade de sermos ouvidos”, afirma. 

O ministro Paulo Teixeira, agradeceu o encontro e falou que o diálogo e o convite a mesa estão abertos, “Precisamos do trabalho conjunto, dessa parceria, para sanar as angústias, os temas urgentes e desenvolver uma dinâmica de contato constante para as atribuições do ministério e poder responder às necessidades da Amazônia”, destacou Teixeira.  

A agenda de diálogos segue até a sexta-feira, 24 de novembro, com encontros e reuniões entre os bispos da Amazônia e a ministra Marina Silva, do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Casa Civil e STF.

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