O ano de 2024 será lembrado como um dos mais críticos na história recente do Brasil em relação a incêndios florestais. Segundo a recente edição do Monitor do Fogo, do MapBiomas, entre janeiro e novembro, o país registrou um aumento de 90% na área queimada em comparação ao mesmo período do ano anterior. O total de 30 milhões de hectares devastados equivale ao território do estado do Rio Grande do Sul e marca o maior índice dos últimos seis anos.
Amazônia em alerta
A Amazônia foi a mais afetada, concentrando 57% da área queimada em 2024. Dos 17 milhões de hectares devastados, 7,6 milhões eram florestas – incluindo florestas alagáveis – superando até as pastagens queimadas no bioma (5,6 milhões de hectares).
No Cerrado, o segundo bioma mais impactado, 9,6 milhões de hectares foram queimados, com 85% dessa área em vegetação nativa. Esse número representa um aumento de 47% em relação à média dos últimos cinco anos.
Outros biomas também sofreram:
– Pantanal: 1,9 milhão de hectares (+68% em relação à média dos últimos cinco anos);
– Mata Atlântica: 1 milhão de hectares;
– Caatinga: 297 mil hectares;
– Pampa: 3,3 mil hectares.
Pará: epicentro do fogo
O Pará lidera o ranking de incêndios, com 7 milhões de hectares queimados (23% do total nacional), seguido por Mato Grosso (6,8 milhões de hectares) e Tocantins (2,7 milhões de hectares).
Secas, mudanças climáticas e ação humana
O aumento dos incêndios está diretamente relacionado à maior seca já registrada no Brasil, especialmente na Amazônia, onde os rios atingiram os níveis mais baixos de suas histórias. A seca severa e as altas temperaturas criaram condições ideais para a propagação do fogo, mas, como destacou Ane Alencar, coordenadora do MapBiomas Fogo, “isso não teria ocorrido sem a ação humana para iniciar o fogo.”
Retrocessos na proteção ambiental
Enquanto o Brasil enfrenta uma crise ambiental sem precedentes, medidas como a PEC 12/22, aprovada no Mato Grosso, ameaçam limitar a criação de novas Unidades de Conservação (UCs). A regularização de 80% das UCs existentes, condição para novas criações, pode levar mais de uma década, enfraquecendo ainda mais a proteção ambiental no estado.
Compromisso com a Casa Comum
Diante desse cenário, a REPAM Brasil reforça seu compromisso com a proteção da Amazônia e de todos os biomas brasileiros. É essencial que sociedade civil, governos e instituições atuem juntos para conter o avanço das queimadas, promover políticas públicas eficazes e respeitar a biodiversidade, os povos originários e as comunidades tradicionais que dependem da floresta para viver.
Que 2024 seja um chamado urgente para a ação. A proteção da Casa Comum é um dever de todos e o único caminho para assegurar um futuro sustentável.