O Caderno de Conflitos no Campo 2018, da Comissão Pastoral da Terra/CPT, foi lançado na capital amazonense na última sexta-feira (16) durante o Fórum sobre a Violência no Campo, no Centro de Formação da Arquidiocese de Manaus. Lideranças pastorais e movimentos populares participaram da atividade. Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agraria – INCRA, a Secretaria de Política Fundiária, lideranças pastorais e movimentos participaram da atividade.
Além das discussões e apresentação do Caderno, o Fórum também foi momento de ouvir os gritos das comunidades e contou com a presença do arcebispo de Manaus, Dom Sérgio Castriani e Dom José Ionilton Lisboa de Oliveira, vice-presidente da CPT Nacional e bispo da Prelazia de Itacoatiara.
De acordo com Dom Ionilton, o Caderno produzido pela CPT contribui na visibilização e na história que muitas vezes não é contada. “Não tem espaço na mídia, inclusive na mídia católica”, acrescentou o bispo de Itacoatiara. Retomando o Sínodo para a Amazônia lembrou das violações de direitos que a região vive. “A vida na Amazônia está ameaçada pela destruição e exploração ambiental, pela violação sistemática dos direitos humanos elementares da população amazônica”, afirmou o vice-presidente da CPT Nacional.
Uma das consequências dos conflitos no campo é a migração para as cidades, reconheceu Marcivânia Sateré, da Pastoral Indigenista da Arquidiocese de Manaus e da Coordenação dos Povos Indígenas de Manaus e Entorno/COPIME. Isso tem deslocado os conflitos, pois em Manaus existem empresários que se dizem donos de terra, nos locais onde atualmente se concentram as ocupações, especialmente de famílias indígenas chegadas do interior. “Os indígenas não têm direitos na cidade, nem sequer de morrer”, afirmou Marcivânia.
No Brasil, 4,6% do território nacional está em disputa, o que significa muita terra em um país que tem oito milhões e meio de quilómetros quadrados. Praticamente toda essa terra, 97,7% encontra-se na Amazônia. Isso se traduz em morte e perseguição. De acordo com o Caderno da CPT, 86% dos assassinatos registrados em 2018, em relação a conflitos no campo, aconteceram na Amazônia.
Com informações e fotos de Pe. Luís Miguel Modino