Cardeal Barreto na instalação da Assembleia da CEAMA
Por Óscar Elizalde Prada – ADN CELAM
Nesta terça-feira, 8 de agosto, teve início a Assembleia Ordinária da Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA). O Centro de Treinamento Maromba, em Manaus (Brasil), recebe 64 participantes das sete conferências episcopais que compartilham o bioma amazônico, além de representantes do Conselho Episcopal Latino-Americano (CELAM), da Conferência Latino-Americana e Caribenha de Religiosos (CLAR), da Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM) e da Caritas América Latina e Caribe, além de outros convidados.
O início da Assembleia coincide com o aniversário de seu precursor, o Cardeal Cláudio Hummes, nascido a 8 de agosto de 1934 e falecido em 4 de julho de 2022, bem como com o terceiro aniversário da Páscoa de Dom Pedro Casaldáliga, testemunha da opção pelos pobres e profeta da missão da Igreja na Amazônia.
Ouça o grito da Amazônia!
“O Senhor Jesus, nosso Bom Pastor, nos convocou a caminhar juntos na Amazônia e a constituir formalmente a CEAMA para ouvir o clamor da Amazônia e o grito do território dos que nela vivem, especialmente dos povos originários, mestiços e afrodescendentes”. Com essas palavras, o Cardeal Pedro Barreto, Presidente da CEAMAM, abriu a Assembleia. Antes dele, o Cardeal Leonardo Steiner, Arcebispo de Manaus, compartilhou uma breve saudação de boas-vindas como anfitrião.
Por meio de três perguntas, o Cardeal Barreto colocou os horizontes nos quais se inscreve esta Assembleia: de onde viemos, onde estamos e para onde queremos ir?
De onde viemos?
Ao evocar o encontro dos bispos amazônicos do Brasil em Santarém, em 1972, o presidente da CEAMA sublinhou que “Cristo aponta para a Amazônia”, como disse na época São Paulo VI.
A Conferência de Aparecida também foi sensível à “devastação ambiental da Amazônia e às ameaças à dignidade humana de seus povos” (DAp 85), à “crescente agressão ao meio ambiente” e, em geral, à realidade da “sociedade pan-amazônica multiétnica, pluricultural e plurirreligiosa” (DAp 86).
Onde estamos?
“Devemos ter bem presente que, quando esta Assembleia da CEAMA foi constituída, ela se converteu em um órgão sinodal permanente e estável da Igreja, com status legal, canônico e público”, enfatizou o Cardeal Barreto. Ele ressaltou também que “nossa identidade está descrita no Documento Final do Sínodo e na Exortação Apostólica Querida Amazônia”.
Além disso, “nosso compromisso é manter viva a Laudato Sí’ para reafirmar que ‘tudo está interligado em nossa casa comum’, e a Fratelli Tutti nos incentiva a viver a fraternidade e a amizade social”.
Para onde queremos ir?
Na terceira parte de sua intervenção, o cardeal jesuíta se deteve para apontar três grandes desafios desta Assembleia.
Por um lado, a necessidade de abraçar, com o Papa Francisco, o imperativo de “contribuir para uma Igreja sinodal de comunhão, em saída missionária e de participação”. Por isso “queremos viver a eclesiologia do Concílio Vaticano II, assumindo os esforços de sua aplicação na América Latina através das conferências organizadas pelo CELAM”.
Em segundo lugar, o Cardeal Barreto enfatizou que “a opção pelos que são descartados e invisíveis para a sociedade é essencial para a vida e a missão da Igreja”. E isso também inclui reconhecer que “as páginas mais gloriosas da Amazônia foram escritas pelos mártires, testemunhas da fé que acompanharam a vida da Igreja até os dias de hoje, especialmente nos momentos e lugares onde, por causa do Evangelho de Jesus, ela vive em meio a uma marcante contradição”.
“De 2016 a 2021, foram assassinados 58 líderes indígenas da Amazônia no Brasil, Peru, Colômbia e Equador, dos quais 50 ainda aguardam por justiça. Desde 2020, no Peru, 20 líderes indígenas foram assassinados”, continuou o presidente da CEAMA. Ele mencionou também as ameaças sofridas pelos povos indígenas no Brasil, “por causa da desapropriação de terras e da constante invasão de seus territórios”, que tem custado a vida de muitos deles. O mesmo também aconteceu na Colômbia, onde “nos últimos seis anos pelo menos sete defensores indígenas foram assassinados na Amazônia”, além do Equador, onde “dois assassinatos foram registrados”.
Por fim, o Cardeal Barreto afirmou “a importância da constituição da CEAMA, que é a contribuição da Igreja latino-americana ao Sínodo da Sinodalidade da Igreja Universal”. Nesse sentido, incentivou os membros da assembleia a assumirem três atitudes no desenrolar desses dias: escutar uns aos outros; dialogar/discernir/refletir; e agir. Porque “a CEAMA visa promover a sinodalidade na região e ser um canal para uma pastoral de conjunto que promova a evangelização no território amazônico com o valioso apoio da Rede Eclesial da Amazônia”.
“Que esta Assembleia seja um ‘transbordamento’ do amor criativo do seu Espírito, que nos impulsiona a sair sem medo ao encontro dos outros”, concluiu o Cardeal Pedro Barreto, resumindo o objetivo da Assembleia em uma frase: “Caminhando juntos com Cristo, vivemos a fraternidade amazônica”.
Após as palavras de abertura do Cardeal Barreto, também compartilharam suas saudações o Cardeal Michael Czerny, Prefeito do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, Dom Vittorio Francesco Viola, Secretário do Dicastério para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, e a Irmã Laura Vicuña, integrante da Presidência do CEAMA.
O primeiro dia continuou com um espaço de espiritualidade para “criar o corpo apostólico da Assembleia”, orientado por Mauricio López Oropeza e Irmã Laura Vicuña, usando a metodologia da conversa espiritual, que vem sendo utilizada no processo do Sínodo da Sinodalidade.
Tradução: Ir. Hugo Bruno Mombach, FSC, com apoio da versão gratuita do tradutor – www.DeepL.com/Translator
Manaus/AM, 08 de agosto de 2023.