A Campanha “A Vida por um Fio” de Autoproteção de Lideranças e Comunidades Ameaçadas manifestou condolências pelo falecimento da Irmã Telma Lage. Em nota, as organizações afirmaram que a campanha “perdeu uma de suas lideranças mais firmes, entusiastas e apaixonadas” e agradeceram o “testemunho de vida e fé e por sua trajetória e missão”.
Confira abaixo a integram da nota ou acesse o PDF aqui.
Fiz a escalada da montanha da vida removendo pedras e plantando flores.
Cora Coralina
A campanha “A Vida por um Fio”, para a autoproteção de lideranças e comunidades ameaçadas, perdeu uma de suas lideranças mais firmes, entusiastas e apaixonadas. Vítima de COVID 19 e desse governo genocida.
Ir. Telma Lage, mineira, tinha 49 anos era advogada, religiosa da Congregação Missionária de Nossa Senhora das Dores, atuava como Coordenadora do Centro de Migrações e Direitos Humanos da Diocese de Roraima, militante pelos Direitos Humanos, membro muito ativo da Rede Eclesial Panamazônica (REPAM) no Eixo Direitos Humanos e Incidência Internacional, membro da Coordenação da Campanha a vida por um fio de autoproteção as lideranças e comunidades ameaçadas, facilitadora das turmas de formação de multiplicadores da campanha, assessora da Pastoral da Juventude no Regional Norte 1.
Essa mulher guerreira morreu vítima de um contágio que não é só viral, mas que contaminou de arrogância, violência e irresponsabilidade boa parte dos poderes constituídos no País e um segmento importante de nossa sociedade, mal que denunciava há tempo, para defender o direito de vida digna aos povos e ao qual deu sua vida inteira.
Irmã Telma vive! Vive nos braços de Deus, de onde intercede por todos e todas nós! Vive em nossa luta e indignação, por sua vida e de muitas das outras 500 mil, era uma morte evitável! E vive e viverá em nossa memória de um exemplo de mulher apaixonada, sensível, indignada, de coração aberto, que assumiu e acompanhou sempre em primeira pessoa as consequências de muitas injustiças sofridas pelas pessoas mais pobres, comunidades e territórios. Sempre marcou presença, ativa e efetiva, com firmeza e ternura, com solicitude cristã, com o espírito profético do Mestre Jesus, com a competência de advogada, com o carinho de irmã-mãe dos migrantes, desabrigados, ameaçados e ameaçadas em tantas dimensões da vida. Fazer a memória é lembrar o jeito único de seu apresentar:
…Não me vejo de outra maneira, se não fosse missionária, seria missionária. Mineira, das boas terras drummondianas, há sete anos conquistada pelo Norte. Já chamo farofa de paçoca, rotatória de bola, facão de terçado. Então, já sou roraimada. Sou advogada e milito na área de Direitos Humanos e Migrações. Coordeno o CMDH – Centro de Migrações e Direitos Humanos da Diocese desde 2015. Vou aprendendo com a imigração e deixando que ela me transforme, porque cada dia estou diferente do dia anterior. Minha conversão se dá assim, gradativamente.
Essa era e será sempre amada Ir. Telma Lages, a ti nossa eterna gratidão e reconhecimento de seu testemunho de vida e fé, por sua trajetória e missão, deixando-nos um legado a assumirmos como nosso compromisso na defesa da vida e dos direitos humanos. Queremos também expressar nossa gratidão e solidariedade a Congregação Missionária de Nossa Senhora das Dores, que permitiu a essa missionária sua missão entre nós. E unimo-nos em oração, solidariedade e apoio junto aos povos de Roraima, da Pan Amazônia e do Brasil.
Ir. Telma Lages vive nas sementes que plantou no chão da resistência, em Roraima e no Brasil inteiro. Irmã Telma. Presente! Presente! Presente, hoje e sempre!!!
Obrigado, Telma. Nós continuaremos esperançando e comprometidos, para que o fio que sustenta as vidas das pessoas mais frágeis siga entrelaçado e nunca se corte!
23 de junho de 2021
CAMPANHA “A VIDA POR UM FIO”