10 anos de caminhada da REPAM e do processo sinodal amazônico
Queridos povos da Amazônia,
Com gratidão profunda e o coração esperançoso, a Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM) celebra, junto a vocês, os 10 anos da Laudato si’ nessa caminhada e processo sinodal que marcou a história da Igreja e da região. Esta carta é um gesto público de reconhecimento, memória e reafirmação do nosso compromisso coletivo com a vida, os territórios e a justiça socioambiental.
Ao longo desta década, caminhamos lado a lado com comunidades, lideranças, defensoras e defensores da vida, mulheres e homens que, com coragem e resistência, mantêm viva a Amazônia e seus modos de vida. A semana Laudato si’ é fruto da escuta dos territórios, foi um chamado a “novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral” — caminhos esses que seguimos trilhando com vocês, inspirados pelo cuidado, pela dignidade e pelo Bem Viver.
Foi um importante marco do debate sobre a Ecologia Integral iniciada com os seminários de estudos da Laudato Sí, a partir de 2016, que resultou em um diagnóstico preciso da realidade que apontou as lutas, conquistas e os imensos desafios da Igreja neste território e forneceu pistas importantes para os planos pastorais e para o planejamento eclesial.
Celebramos conquistas, aprendizados e redes de solidariedade construídas neste tempo. Mas também reconhecemos os desafios que persistem: a violência contra os povos originários e comunidades tradicionais, o avanço da mineração ilegal, o desmatamento e as queimadas, a expulsão de milhares de pessoas de seus territórios em processos migratórios internacionais e transfronteiriços marcados pela violência e tráfico de pessoas, o avanço do agronegócio e dos grandes projetos econômicos que expulsam os ribeirinhos, camponeses e povos indígenas de seus territórios, o crescimento das cidades marcadas pela exclusão e desigualdades sociais e econômicas. A crise climática se acentuou na região com seus impactos que seguem exigindo de todos nós uma resposta firme, profética e comprometida com uma igreja com rosto amazônico.
Nos inspiramos na resistência das mulheres amazônidas, na sabedoria ancestral dos povos indígenas, na fé encarnada das comunidades ribeirinhas, urbanas e quilombolas, e na certeza de que o Espírito Santo ilumina nossos caminhos.
Reafirmamos hoje, com humildade e convicção, que nossa missão continua sendo a de nos deixar amazonizar, escutar os clamores da terra e dos povos, promover o diálogo intercultural e inter-religioso, apoiar os processos de defesa dos territórios e semear, juntos, alternativas concretas de vida digna para todas as pessoas.
Seguimos juntos, formando redes e fortalecendo a caminhada. Com disposição e compromisso,
Rede Eclesial Pan-Amazônica – REPAM