Refletir sobre a caminhada de 2021 e pensar ações para a próximo ano à luz das reflexões sobre Redes e Sinodalidade são os objetivos da reunião do Comitê Ampliado da REPAM-Brasil, iniciado na manhã desta quarta-feira (17), de modo online. Participam da reunião colaboradores, representantes dos eixos e comitês da Rede, bispos da Amazônia, secretários regionais e convidados.  

Abrindo o diálogo, a diretora executiva da REPAM-Brasil, Ir. Maria Irene Lopes, acolheu os participantes e afirmou que o encontro oferecerá um espaço de reflexão e diálogo sobre as nossas práticas e ações, além de um momento de partilha do trabalho fecundo realizado nos diversos territórios da Amazônia brasileira.  

O encontro, que segue até amanhã (18), contou com uma análise conjuntura sociopolítica, realizada pelo sociólogo e professor da Universidade Federal de Rondônia (UNIR), Luís Fernando Navoa Garzon. Com uma análise dos cenários nacional e internacional e os impactos na Amazônia e em seus territórios, o sociólogo falou sobre fascismo, neoconservadorismo, crise pandêmica, endividamento das nações, despolitização e questões socioambientais.  

Luís Fernando afirma que as situações de crise favorecem a concentração e o processo de fusão e aquisições, privilegiando os mais “fortes”. Ele explica vive-se um momento de avanço do necroliberalismo – aprofundamento do neoliberalismo em forma de política de morte – que promove uma guerra de classe e afirma que quando se olha para a Amazônia e o Brasil percebe-se uma “guerra de classe”.  

Para o sociólogo, na pandemia os processos de luta não saíram do cenário, mas que ainda estamos em um processo de síndrome pós-catástrofe, tentando nos recuperar e reunindo forças para sair da imobilidade e “rebrotar de dentro de casa grupo e segmento social organizando”.  

O professor finalizou as reflexões apontando alternativas para semear caminhos paralelos, aprofundando acordos, criando novas forças e fortalecendo os movimentos e frente sociais.  

Ir. Cleusa Alves, vice-presidente da Cáritas Brasileira, contribuiu com as reflexões sobre Redes e Sinodalidade. Ela explica que “as redes, assim como qualquer relação social, estão pautadas pelas relações de poder, nela, existem conflitos, mas também possibilidades de solidariedade, reciprocidade e compartilhamento”.  

“A gente constitui Rede quando temos: problemas e desafios semelhantes, direitos comuns pelos quais lutas, valores e interesses comuns, desejo e possibilidade de alcançar maior pressão política, possibilidade de constituir relações de apoio e de solidariedade e a crença de que juntos podemos chegar a um lugar melhor”, afirma a religiosa.

Pe. Zenildo Lima, reitor do Seminário São José de Manaus, ampliando as reflexões sobre sinodalidade afirma que a própria realização da Igreja está implicada nessa concepção da sinodalidade. “A sinodalidade é a Igreja se realizando, organizando, estruturando, apresentando e se comunicando por causa do Reino de Deus”.  

O reitor ressalta que somos formados para anunciar, proclamar, pregar, profetizar, testemunhar e de tantos verbos que sugerem uma ação que parta de nós, a sinodalidade agrega o escutar. Pe. Zenildo também falou sobre a importância de não se pensar a sinodalidade apenas para dentro ou para as dinâmicas eclesiais, mas também para fora.  

Ao fazer memória do Sínodo, o reitor destacou que “o Sínodo da Amazônia retirou o véu nos fazendo perceber uma infinidade de iniciativas – às vezes isoladas ou até desconexas, mas resistentes – onde o Espírito está agindo” e afirmou que os “grupos de trabalho, redes e comitês se tornaram uma expressão nova junto à nossa ação”.  

Na quinta-feira (18), a programação segue com as apresentações e avaliações dos comitês e eixos, avaliação das ações e o planejamento de atividades e projetos para 2022.  

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