No momento em que a Igreja se prepara para voltar seu olhar à realidade dos povos e das comunidades na região da Amazônia, a Rede Eclesial Pan-Amazônica/REPAM pretende fortalecer seu trabalho e sua articulação institucional. De 23 a 25 de outubro, em São Paulo/SP, estão reunidos os comitês Executivo e o Executivo Ampliado da Rede para uma pauta de reflexões para a continuidade do trabalho que tem acontecido desde 2014.
Os objetivos propostos para o encontro sugerem pontos como discernimento sobre a REPAM, sua identidade, origem, a missão e estrutura; a localização do papel no processo do Sínodo para a Amazônia, que acontecerá no próximo ano; avanço em definições sobre a consolidação institucional; e avaliação de atividades nos eixos da REPAM e nas articulações nacionais.
Em cada dia de trabalho, os participantes se debruçam sobre perguntas de referência para conduzir as reflexões sobre os trabalhos realizados e as perspectivas para o futuro. O arcebispo emérito de São Paulo e presidente da REPAM, cardeal Cláudio Hummes, conduziu um momento a partir da “Identidade e missão da REPAM no coração do kairós eclesial”.
Ele destacou que o Evangelho deve estar no centro e que Cristo deve ser a referência. A REPAM deve estar, de acordo com seu presidente “aberta para abarcar outras expressões que estão na luta pela defesa da vida na Amazônia”. Deve funcionar como serviço e não para conduzir processo: Ir para a base, na periferia das periferias.
“A REPAM não pode ser autorreferencial. Não nasceu para si”, exortou. O cardeal Hummes ainda apontou a necessidade “de sermos discípulos missionários de Jesus Cristo, constantemente recomeçar, reaprofundar”. A REPAM deve ser serviço de comunhão e solidariedade.
Já o vice-presidente da REPAM, cardeal Pedro Barreto, arcebispo de Huancayo/Peru, fez uma recapitulação dos chamados essenciais para a REPAM em vista de contribuir com o itinerário da Igreja do presente e no futuro. Serão relacionados momentos históricos como o Concílio Vaticano II e o Sínodo Pan-amazônico, e a Conferência de Medellín e os documentos do papa Francisco Evangelii Gaudium e Laudato Si.
Neste aprofundamento sobre o trabalho em Rede, questionou o que é a REPAM em si mesma e para quê se cria. Indicou em frente o trabalho em equipe, a organização e o trabalho em comunhão. Também lançou o questionamento de como “amazonizar” a Igreja e “Laudatosificar” a sociedade, como têm sido dinamizados os clamores amazônicos e os conteúdos da encíclica Laudato Si, do papa Francisco. A Ecologia Integral posta em rede deve escutar o grito dos pobres e da Casa Comum, Discernir à luz da Laudato Si’ a vontade de Deus e Atuar em Rede Eclesial “em saída missionária”.
O encontro também contará com reflexões sobre o Sínodo para a Amazônia, convocado pelo papa Francisco para outubro de 2019. Serão apresentados os passos dados pela REPAM na realização das consultas sinodais. O grupo também abordará o mapeamento da Pan-Amazônia e assistirá ao documentário “Padre Alcídes: Semillas del Putumayo”, da série REPAM: a vida pela Amazônia.
O bispo emérito do Xingu/PA e presidente da REPAM Brasil, dom Erwin Kräutler, explica que no primeiro dia do encontro foi feita um resgate da história de como surgiu a REPAM em 2014 e seus antecedentes, como o Concílio Vaticano II, a Conferência de Medellín e o Sínodo da Amazônia, realizado em Santarém/PA, em 1972. Dom Erwin ainda ressaltou que a REPAM não pode ser entendida sem a decisão do papa Francisco de levar em frente o projeto.
“Nós estamos levando o desejo do papa a sério, porque afinal de contas o papa confia nessa rede que irmana todos os países que compõem a Amazônia”, afirmou.
Para dom Erwin, sem a REPAM não seria possível fazer a escuta para o Sínodo em todos os níveis. “Estamos em plena escuta e reuniões para preparar o documento de trabalho do sínodo que acontecerá ano que vem, em outubro”.
A REPAM é formada pela convergência dos nove países que formam a Pan-Amazônia, cada um com uma equipe articuladora. Seu trabalho está estruturado em um conjunto de eixos prioritários.