A publicação da encíclica Laudato Si, no ano de 2015, estimulou diversas iniciativas na geografia eclesial da Amazônia e no ambiente universitário do Brasil. De modo simultâneo, grupos nos diferentes ambientes, amazônidas e educativos, começaram a se articular e repercutir o tema de Laudado Sí. No Norte, a Comissão Episcopal Especial para Amazônia e a Rede Eclesial Pan-Amazônica incorporou novos critérios à presença da Igreja na região Amazônica. No ambiente educativo, o Setor Universidades da CNBB e a Associação Nacional da Educação Católica (ANEC), em virtude do capítulo sobre espiritualidade e educação ecológicas, engendraram diversos esforços em vista da aplicabilidade de Laudato Si, no ambiente educativo do país.
A partir disto, inúmeras Instituições de Educação Superior (IES), confessionais católicas e não confessionais, desenvolveram iniciativas a partir da proposta de educação para uma ecologia integral. De modo que, num esforço de aplicabilidade da encíclica no ambiente universitário, surgiram grupos de pesquisa, programas acadêmicos, atividades extensionistas, ações comunitárias, inserção de conteúdo nas disciplinas de formação humanística, entre outras iniciativas. Em um só tempo, as iniciativas passavam pelo tripé institucional das IES (ensino, pesquisa e extensão) e respondia às necessidades dos biomas locais consolidando verdades tecnologias de cuidado dos biomas, a partir da proposta de ecologia integral de Laudato Si.
Ao mesmo tempo, entre os anos de 2016 – 2017, a Rede Eclesial Pan Amazônica (REPAM) iniciou os Seminários de Laudato Si nos regionais que compõem a Igreja na Amazônia. Ao todo, foram realizados dezesseis seminários, que se encarregaram de levantar os problemas ambientais das microrregiões. Junto com isto, foram também formadas redes locais da REPAM com a finalidade de acompanhar a resolução das questões ambientais identificadas.
No âmbito da Conferência Episcopal, foi iniciado em 2017 um Grupo de Trabalho (GT) Universidades e Amazônia, com a finalidade de articular as duas comissões e a ANEC em vista da identificação das atividades correntes e da cooperação com os compromissos da Igreja presente na Amazônia. Inicialmente, o GT foi formado por representantes da Comissão Episcopal Especial da Amazônia, Comissão Episcopal Pastoral para Cultura e Educação (Setor Universidades), da REPAM e da Associação Nacional da Educação Católica (ANEC).
No início das atividades do GT Universidades e Amazônia, contava-se com dois grandes capitais intelectuais, quais sejam, o desenvolvimento de tecnologias de cuidado dos biomas locais, por parte das IES, e a identificação dos problemas ambientais das microrregiões amazônidas, por parte da REPAM. Tendo isto em conta, buscou-se articular os dois trabalhos em vista de um maior aprofundamento de Laudato Si nas IES e na resolução dos problemas ambientais amazônicos, a partir das tecnologias de cuidado desenvolvidas nas IES Católicas.
Neste ínterim, o Papa Francisco convocou o Sínodo para Amazônia no ano de 2017 para ser realizado no ano de 2019. A convocação para o Sínodo da Amazônia, interpelou ainda mais as IES Católicas brasileiras a contribuírem com o importante momento eclesial. Em virtude disto, foi desenvolvida uma série de trabalhos a fim de comprometer as IES com o Sínodo e o Pós- sínodo da Amazônia. Entre estas etapas, buscou-se ampliar o GT Universidades e Amazônia, incorporando o Observatório de Justiça Socioambiental Luciano Mendes de Almeida (OLMA), fez-se um levantamento das tecnologias desenvolvidas pelas IES no enfrentamento das questões ambientais locais e da promoção de uma ecologia integral, e, de modo conjunto, buscou-se construir a Agenda Universidades e Amazônia.
Em março de 2019, no V Encontro Nacional de Educação da ANEC, que teve como tema Inovação, sustentabilidade e humanismo solidário, várias IES assinaram um termo de cooperação comprometendo-se com a proposta da Agenda.
Em linhas gerais, a Agenda Universidades e Amazônia propõe objetivos e metas que podem ser cumpridos pelas IES Católicas do país na formação da comunidade universitária e no comprometimento com a Igreja na Amazônia, através da responsabilidade social com o bioma amazônico.