Enquanto a crise de saúde pública se agrava entre os povos indígenas Apinajé, a REPAM reforça as denúncias de negligência governamental. Em um cenário marcado pela falta de estrutura, atendimento precário e escassez de medicamentos, os Apinajé enfrentam condições alarmantes que têm resultado em perdas devastadoras. Relatos de discriminação nos hospitais de Augustinópolis e Tocantinópolis apenas exacerbam a urgência dessa situação.
“A Sesai está deixando a desejar com as políticas públicas, falta de estrutura, falta de atendimento, falta de transporte, falta de medicamentos. Isso está levando à morte do nosso povo”, denuncia uma liderança local.
Recentemente, uma pesquisa da Universidade Federal do Norte do Tocantins revelou uma taxa alarmante de anemia infantil nas aldeias Mariazinha e São José, destacando a vulnerabilidade das crianças Apinajé. Este estudo não apenas diagnosticou questões biomédicas, como também explorou os aspectos culturais e alimentares que influenciam a primeira infância nas comunidades indígenas.
Desde outubro de 2024, pelo menos 10 indígenas Apinajé perderam suas vidas sem receber um diagnóstico adequado, apesar dos esforços do Cimi em colaboração com o MPF e a Defensoria Pública. A situação é tão crítica que os indígenas deram um prazo de 90 dias para a implementação de medidas urgentes, sob ameaça de medidas legais caso não haja uma resposta eficaz.
A cacique Marlucia Apinajé aponta diversos fatores que dificultam o acesso à saúde: “Estradas ruins, aldeias isoladas, escolas precárias, funcionários e alunos sofrendo sem transporte e estrutura. A estrada nunca foi prioridade para nenhuma autoridade. Nem o município, nem o governo do estado, nem ninguém”.
A REPAM apoia integralmente os esforços da comunidade indígena e exige uma audiência urgente com o Ministério da Justiça, a Secretaria Executiva da Sesai e o Conselho Nacional de Saúde para garantir que medidas concretas sejam tomadas no Tocantins. Propomos também a criação de um projeto que facilite o acesso dos indígenas aos órgãos responsáveis em Brasília, a fim de amplificar suas vozes e garantir que suas demandas sejam ouvidas e atendidas.
Esta crise não é apenas uma questão de saúde, mas também um teste para nosso compromisso com os direitos humanos e a justiça social. A REPAM está comprometida em continuar apoiando os esforços dos Apinajé e de todos os povos indígenas do Tocantins, defendendo seu direito fundamental a uma vida digna e saudável.

