Debates, apresentação de trabalhos orais e pôsteres e atividades culturais integraram a programação do segundo dia do 3° Fórum Internacional sobre a Amazônia, que desde terça-feira, 13, reúne estudantes, docentes, integrantes de movimentos sociais e organizações sindicais e não governamentais da Amazônia, de diversos estados brasileiros e dos demais países da Amazônia para debater a situação atual da Amazônia, os conflitos e ameaças aos seus povos, populações e ao meio ambiente.
O painel ‘Crise ecológica e social e alternativas para a sustentabilidade da Amazônia’ abriu o segundo dia das atividades, provocando uma reflexão sobre a crise socioecológica e os modelos de desenvolvimento predatório.
Ricardo Gilson, professor da Universidade Federal de Rondônia (RO), Júlio Barbosa, presidente do Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS), Eliana Maria Jiménez Rojas, diretora da sede da Amazônia na Universidade Nacional da Colômbia e Felício Pontes procurar regional da República e assessor da REPAM-Brasil conduziram as reflexões sobre o tema.
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Eliana Maria falou sobre a experiência na sede da Amazônia na Universidade Nacional da Colômbia e apontou como alternativas construir uma rede entre as Universidades, fortalecer as alianças e o compartilhamento de saberes sobre a Amazônia e estabelecer prioridades para projetos conjuntos.
“Esperamos, então, contribuir para que seja possível uma Universidade diferente: na qual os povos originários, os habitantes locais e as pessoas comprometidas com a Amazônia possam construir territórios saudáveis, fortalecidos, onde prevaleça o cuidado com a vida e com o território”, ressaltou a diretora.
O presidente do CNS lembrou o legado de Chico Mendes e a resistência das populações extrativistas. “Estamos discutindo alternativas para sustentabilidade da Amazônia e eu acho que, nesses 38 de existência desse movimento liderado pelo Conselho Nacional das Populações Extrativistas, uma alternativa que nós conseguimos apresentar com muita clareza foi essa alternativa de um modelo de reforma agraria diferenciada para a Amazônia, onde respeite as tradições e os costumes, hábitos e o meio ambiente, que respeite toda uma tradição, cultura e a relação de um povo com um ambiente amazônico”, destacou.
Ricardo Gilson, professor e geólogo, comentou a relação entre o agronegócio e os conflitos por terra e território na Amazônia.
O assessor da Rede, Felício Pontes falou sobre a crise socioecológica e os modelos de desenvolvimento predatório. “Nós temos uma Amazônia em disputa por dois grandes projetos de desenvolvimento. Um que eu chamaria de projeto de desenvolvimento predatório, que também é conhecido como economia da destruição, e do outro lado que eu chamaria de projeto socioambiental de desenvolvimento. Esses dois projetos estão em choque”, pontuou.
“A floresta em pé vale mais do que a floresta no chão. E nós temos dados para isso. Nós precisamos fazer com que os jovens da Universidade de Brasília e das várias Universidades da Amazônia possam se empenhar nesse desafio. Precisamos que a academia se junte a nós, pois nós sabemos que se isso acontecer, vamos criar barreiras e resistência a destruição da Amazônia”, garantiu o procurador.
Trabalhos orais e pôsteres
À tarde, os participantes acompanharam a apresentação de trabalho e pôsteres. Mais de 50 trabalhos foram apresentados durante o 3° FIA.
Chico Mendes, presente!
O assassinato do sindicalista Chico Mendes, a mando de fezendeiros da região de Xapuri (AC), completa 35 anos em 2023. Para marcar a data, os participantes do 3° FIA realizam nesta quarta-feira (14/06), a partir das 18h, um ato cultural e político “Chico Mendes: A Semente da Luta”.