por Vívian Marler / Pascom CNBB Regional Norte 2 com informações de Pe Saul Alvarez, SX / Coordenação Curso Amazônia Sinodal
Encerrou na manhã do último domingo (27) o terceiro módulo do Curso Amazônia no Caminho Sinodal, realizado pela Rede Eclesial Pan-Amazônica – REPAM e a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – Regional Norte 2, que levou palestrantes e cursistas a debaterem e refletirem sobre o tema ‘Sonhar em Mutirão para a Querida Amazônia’.
Sob os quatro subtemas ‘Um sonho social’, ‘Um sonho cultural’, ‘Um sonho ecológico’ e ‘Um sonho eclesial’ o encontro, que durou três dias, instigou os alunos a reconhecerem a realidade existente em cada um, fazendo-os observar o sentido comunitário da fé o que os despertou para o diálogo e prática do perdão, e da fraternidade através do tema ‘Um Sonho Social’ que deu início ao curso, com a explanação da professora Fátima Fonseca.
Diante da apresentação da professora Fátima alguns pontos foram levantados pelos cursistas, como o destaque sobre o clima de ameaça que ainda existe sobre as pessoas que dedicam sua vida à defesa das culturas tradicionais e facilitou; da existencia, da parte de grupos agressores, de um mapeamento das realidades locais e onde são identificadas as pessoas que atuam nessa defesa e fortalecimentos das populações tradicionais; e dentre outros foram citadas as instituições degradadas, como a própria que Igreja precisa prestar uma atenção especial à procedência de doações ou outros tipos de benefícios, assim como os investimentos realizados pelas instituições eclesiásticas ou cristãos.
No segundo dia, Dom Raimundo Possidônio, bispo coadjutor da Diocese de Bragança, fez uma breve introdução sobre o processo levado até chegar ao Sínodo Especial para a Amazônia que desde 1952 já se pensava em uma igreja com características próprias no território da Amazônia, e compartilhou o sonho eclesial do Papa Francisco na exortação sobre Querida Amazônia. Ainda em sua explanação, comentou sobre a necessidade de identificar como Jesus Cristo está presente nas estruturas indígenas e que o querigma e o amor fraterno constituem a grande síntese de todo o conteúdo do Evangelho “Devemos ser conscientes que antes do missionário chegar o Espírito Santo já está presente e que a graça supõe a cultura e Dom de Deus encarnando-se na cultura de quem o recebe” disse, fazendo com que os presentes observem o risco dos evangelizadores que chegam a um lugar e observam que não devem só comunicar o Evangelho, mas também a cultura em que cresceram.
Durante a parte da tarde, o padre da Congregação Xaverianos, Saul Alvarez, explanou sobre o Sonho Cultural do Papa Francisco, apresentando uma lista dos trinta e sete povos indígenas presentes no Estado do Pará, e imagens onde foram observados traços distintivos de alguns desses povos, como os araweté, karajá, xikrin, wajãpi, grafia assurini, colares mebêngôkre, flechas parakanã entre outros.
Ainda em sua apresentação, padre Saul falou sobre as raízes de nossa fé “A fé implica em uma procura e na procura se dá uma revelação; a fé e a revelação têm uma mútua implicação. Cada pessoa é de alguma forma obrigada a se perguntar pelo sentido da sua existência, e dar alguma razão ou motivo que o leve a responder por que vale a pena viver. Na procura dessa resposta a pessoa se depara com testemunhos de outros que encontraram um motivo profundo para viver, encontraram um tesouro ou uma pérola de grande valor a tal ponto que isso se tornou seu absoluto, aquilo pelo que valia a pena dar a vida. Na sua procura Deus lhe saiu ao encontro, como aconteceu com Moisés, um dos maiores fundamentos da fé de Israel”, disse deixando os cursistas reflexivos.
Para fechar o III Módulo do Curso Amazônia Sinodal, Juscelino Pantoja aprofundou o Sonho Ecológico através da prática concreta de contemplação da natureza “Aprendendo com os povos nativos, podemos contemplar a Amazônia, e não apenas analisá-la, para reconhecer esse precioso mistério que nos supera”, refletiu antes de convidar os presentes a contemplar um pouco da natureza que restou no meio do cimento e asfalto, com o objetivo de que cada um respondesse sobre o seu relacionamento com a natureza.
Com uma enriquecedora partilha onde o relacionamento com as criaturas de Deus, cada membro do encontro resumiu suas observações em uma palavra como corresponsabilidade, vida, cuidado, amizade e sociedades.
Para a cursista Diana Lourenço as pessoas precisam olhar a Amazônia com os olhos da fé “Precisamos olhar com os olhos da fé para os povos da Amazônia, precisamos conhecer e ouvir estes povos com respeito e empatia. Sentir um chamado maior para ouvir o que os bispos e o papa estão propondo. É um convite a amar o próximo como a nós mesmos. É um convite a valorização e inclusão dos povos originários. Um convite à compreensão da cosmo visão dos povos que vivem de forma integrada com a floresta, sua fauna e flora, seus saberes e cultura. Francisco faz o mundo entender que a Amazônia é um território ocupado por povos com diversidade de cultura, dons e saberes”, resumiu Diana, sobre o curso que irá finalizar no início de setembro (1º e 02) com a participação de representantes da REPAM.