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Florencia, capital do departamento de Caquetá, na Amazônia colombiana, recebe de 8 a 10 de novembro os representantes dos comitês nacionais e dos núcleos temáticos que compõem a Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM).

Por Oscar Tellez – Grupo Comunicarte

A missão dos três dias de trabalho é rever o caminho percorrido e priorizar as necessidades e emergências que serão assumidas até 2024. O caminho para determinar as ações a tomar será mediado pela reflexão sobre a missão da própria REPAM e pelo caminhar na sinodalidade . e a situação (sociopolítica, eclesial e territorial) da região Pan-Amazônica.

Caminho na Sinodalidade

Foi Dom Rafael Cob, bispo do Vicariato Apostólico de Puyo – Equador e presidente da REPAM, quem abriu os trabalhos, com uma intervenção que encorajou os participantes a continuar vivendo a sinodalidade proposta em 2019 e que responde a uma posição da Igreja Católica pela defesa da Amazônia e dos povos que a habitam.

”Hoje também queremos recordar o nosso Sínodo de 2019, onde já vivemos, precisamente, essa realidade da sinodalidade. Hoje também queremos continuar a pedir ao Senhor que o viva”, expressou Dom Cob aos mais de 70 participantes presentes na Comissão.

Em outro momento, os representantes dos comitês nacionais da REPAM deram um panorama significativo da situação sociopolítica, eclesial e territorial da região Pan-Amazônica. Por um lado, Ismael Arévalo, secretário adjunto do Conselho Latino-Americano de Religiosos (CLAR) expressou a necessidade, que ainda persiste, de compreender mais profundamente os contextos das comunidades da Pan-Amazônia, com o objetivo de criar um ” igreja no estilo da comunidade”. Nas palavras do próprio Ismael Arévalo, devemos “continuar desaprendendo práticas eclesiais que tendem a se afastar daquilo que Deus quer”.

Entende-se que a linha de trabalho que norteou a REPAM nos seus quase 10 anos de existência, estabelece uma Casa Comum conectada e com grande necessidade de manter o equilíbrio. Além disso, a reflexão do secretário adjunto da CLAR reafirma que o abuso de poder, ainda existente nos territórios dos povos indígenas e comunidades tradicionais assentados na Pan-Amazônia, é uma condição que deve ser erradicada para atingir os objetivos traçados. na fundação da REPAM e reafirmada durante o Sínodo da Amazônia.

Defesa e cuidado da vida

Por outro lado, Verónica Shibuya, representante da REPAM-Peru e membro do Núcleo de Direitos Humanos, apresentou um relatório completo sobre a situação vivida pelas comunidades amazônicas do Peru (realidades que também sofrem os povos amazônicos de outros países pan-amazônicos). . Em seu discurso, Verónica Shibuya explicou a necessidade de defender cada uma das fontes de água, como forma de garantir o acesso à água de qualidade para quem vive na região Pan-Amazônica.

Os danos às fontes de água e ao território amazônico em geral afetam cidades e grupos populacionais em regiões como Loreto, Madre de Dios, San Martín, Ucayali e outras áreas da Amazônia peruana. A exploração de hidrocarbonetos, o tráfico de terras e a mudança no uso do solo para atividades agrícolas, que não se harmonizam com o território amazônico, geraram uma realidade social preocupante para a selva peruana. Relatos de perseguição a líderes que defendem a terra e os direitos humanos persistem no Peru e ainda é necessário acompanhar os processos que defendem a detenção desta realidade.

Nesta ordem de ideias, exaltou-se a experiência que se tem tido com o desenvolvimento da Escola de promoção, defesa e exigibilidade dos Direitos Humanos, que tem como objectivo fornecer ferramentas educativas para formalizar denúncias sobre violações de direitos humanos que ocorrem em o território amazônico. Verónica Shibuya destacou que a filosofia desta experiência leva em conta a espiritualidade indígena, a visão de mundo do povo, a defesa do território e a consciência que deve ser feita em favor da Amazônia. Vale ressaltar que esta escola foi executada nos anos de 2016, 2018 e 2022.

Da mesma forma, Alex Limoco, indígena Uchupiomona da Amazônia boliviana e integrante da escola de direitos humanos, destacou que a Bolívia tem um total de 20 áreas protegidas que representam 15% do território nacional da Bolívia. Essas áreas são afetadas por projetos de impacto que não só geram danos consideráveis, mas também geram perseguições e ameaças por parte de membros dos povos indígenas que lutam pela preservação da Amazônia. O líder indígena destacou que na Bolívia permanecem ativos mais de 100 poços de petróleo que geram um impacto negativo no território, isso se soma aos 6 milhões de hectares afetados pelos incêndios, ao crescimento da atividade minerária (promovida por empresas estrangeiras) e ao disputas territoriais geradas pela instalação de barragens. Um cenário em que vários direitos fundamentais são violados.

Laços de Sinodalidade

A posição de manter a unidade e fortalecer os processos que a REPAM e seus aliados têm no território amazônico foi reafirmada por Keila Maraes da Cáritas América Latina ao estabelecer que ”REPAM e Cáritas fazem parte do grande esforço da igreja na América Latina e Caribe”.

E este trabalho conjunto tem-nos permitido manter uma presença viva nas comunidades e territórios. O representante da Cáritas América Latina concluiu enfatizando que “tudo está interligado e que juntos precisamos fortalecer e avançar ações para cuidar da natureza, da sociedade e das pessoas”.

Durante a manhã, o Padre Adelson Dos Santos, membro da Rede Itinerante Amazônica, reforçou o lema de continuar a construir as ações a serem desenvolvidas na Amazônia com perspectiva sinodal, tendo em conta que é um caminho que deve ser cada vez mais fortalecido. . Padre Adelson Dos Santos mencionou que persiste uma série de obstáculos e desafios a serem superados no trabalho realizado pelos núcleos da REPAM. E o facto é que a posição do Papa Francisco de passar de uma Igreja clerical para uma que caminha na sinodalidade é o princípio fundamental para enfrentar as adversidades que possam surgir.

Na igreja amazônica entende-se que direcionar toda a gestão das tarefas sociais para os centros de poder tradicionais é uma ação que não contribui para a construção daquela face amazônica que foi reafirmada com a Laudato Si e que vem sendo construída desde o seu nascimento. REPAM em 2014.

Fortalecendo a missão da Igreja

Por sua vez, Dom Lizardo Estrada, Secretário Geral do Conselho Episcopal Latino-Americano e do Caribe (CELAM), recordou a realidade que o Papa Francisco I expressou na encíclica Laudate Deum: “estamos diante de um planeta sofredor que gera sérias preocupações sobre o Casa Comum”. E nas palavras do Bispo Estrada, o maior impacto gerado por este sofrimento no planeta se reflete nos setores mais vulneráveis ​​da Amazônia. Nesta ordem de ideias, reafirmou-se que o CELAM continua caminhando de mãos dadas com a REPAM, através das diferentes instâncias e grupos.

A este respeito, o Secretário-Geral do CELAM acrescentou ainda que “juntos podemos continuar a fortalecer a missão da Igreja de influenciar as políticas públicas a nível regional, a partir de uma perspectiva antropológica abrangente que leva em conta o cuidado da Casa Comum, o defesa dos direitos humanos e o serviço de uma vida plena para todos, promovendo a fraternidade e a amizade social”. Veja no vídeo:

O Comitê Ampliado da REPAM levará em conta outras questões importantes focadas na preservação da Amazônia e da vida que nela habita. Tem sido destacada a importância de a REPAM continuar articulando atividades com movimentos indígenas e sociais, por meio de experiências como o Fórum Social Pan-Amazônico (FOSPA) e a Assembleia Mundial pela Amazônia (AMA). Ações como os espaços conquistados durante a Cúpula Amazônica em Belém do Pará e a participação no Encontro Técnico Científico em Letícia, devem continuar a ser construídas.

 

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