O Brasil registrou em 2024 uma redução de 32,4% no desmatamento em relação ao ano anterior, de acordo com o relatório anual da Rede MapBiomas divulgado em maio. Este é o segundo ano consecutivo de queda, sinalizando avanços importantes no controle da devastação ambiental. No entanto, a Amazônia Legal ainda concentra 67% de toda a área desmatada no país, revelando que o bioma continua sob forte pressão.
Entre 2019 e 2024, o desmatamento no Brasil suprimiu uma área equivalente a todo o território da Coreia do Sul — são quase 10 milhões de hectares de vegetação nativa perdidos. A boa notícia é que, pela primeira vez desde o início da série histórica de validação de alertas, houve queda no desmatamento em todos os biomas brasileiros, com exceção da Mata Atlântica, que permaneceu estável.
Amazônia: 7 árvores por segundo
Na Amazônia, embora os índices tenham caído, o ritmo de destruição ainda assusta. Em 2024, o bioma perdeu, em média, 1.035 hectares por dia — o que equivale a cerca de 7 árvores por segundo. O número de alertas de grandes desmatamentos (acima de 100 hectares) caiu 31% em comparação com 2023, mas a região continua sendo o epicentro da devastação nacional.
Além disso, 99% de toda a área desmatada pelo garimpo no Brasil entre 2019 e 2024 está localizada na Amazônia, evidenciando a gravidade do impacto dessa atividade na floresta.
Cerrado em alerta máximo
Apesar da melhora geral, o cerrado foi o bioma mais afetado em 2024, respondendo por mais da metade (52,5%) de toda a área desmatada no país. A região do Matopiba — que engloba partes do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia — concentrou 75% do desmatamento do cerrado e 42% de toda a perda registrada no Brasil.
A perda acelerada no cerrado está fortemente associada à expansão agropecuária e urbana, que, juntas, explicam mais de 97% do desmatamento nacional nos últimos seis anos.
Desmatamento e justiça socioambiental
Os dados mostram avanços que devem ser celebrados, mas também reforçam a urgência de uma vigilância contínua e da implementação de políticas públicas que garantam justiça socioambiental, especialmente na Amazônia Legal. Para a REPAM-Brasil, é fundamental que os processos de transição ecológica e desenvolvimento sustentável considerem o protagonismo dos povos da floresta e das comunidades tradicionais, que seguem sendo os principais guardiões da biodiversidade.
Reduzir o desmatamento é também defender a vida, o clima e os territórios. A REPAM reafirma seu compromisso com a Ecologia Integral, acompanhando e mobilizando redes e parceiros na luta contra as causas estruturais da devastação ambiental na Pan-Amazônia.