Os 100 anos da Igreja Particular de Rio Branco foram celebrados no último sábado, 15, com uma Missa presidida pelo bispo diocesano, dom Joaquín Pertíñez, na Capela Mãe da Divina Providência. A celebração foi transmitida pela TV Diocese e pelas redes sociais. Devido a pandemia do novo coronavírus e as restrições sanitárias, apenas os seminaristas maiores participaram da Missa, que foi concelebrada pelo reitor do Seminário Maior São José e ecônomo da Diocese, padre Jairo Coelho, e assistida pelo coordenador da programação do Centenário, diácono permanente Antônio Miranda. A programação programada para acontecer neste ano foi transferida para 2021.
Durante a homilia, dom Joaquín fez uma breve memória histórica da Igreja local, lembrando dos desafios enfrentados pelos primeiros missionários enviados para a recém criada Prelazia do Acre e Purus e do papel e importância da Igreja no desenvolvimento do Estado. “Cem anos de história, uma grandiosa e heroica história. História de heróis e heroínas que deram sua vida no chão da nossa Igreja, espalhada pela ampla geografia do Acre, Amazonas e Rondônia. Olhando para o nosso passado, devemos dar graças a Deus por todos e todas, que com suor, lágrimas e sangue regaram esta terra e fizeram produzir frutos em favor do Reino”, disse o bispo.
Dom Joaquín também lembrou das vítimas da COVID-19 e pediu pelo fim da pandemia: “Devido a situação que estamos vivendo, tanto em nível de País, como de Estado, hoje a nossa Igreja do Brasil também quer unir-se e rezar pelas vítimas da pandemia da COVID-19, que ceifou a vida de mais de 100 mil brasileiros e, no Acre, mais de 500 acreanos. Queremos rezar para que Deus livre a nossa humanidade da pandemia e de todos os outros vírus que se escondem dentro dele: o vírus do desânimo e da indiferença. O vírus do pânico e da angústia. O vírus do pessimismo e da impotência. O vírus do isolamento social e individualismo. O vírus da escuridão das noites sem fim”, clamou.
Ainda durante a homilia, dom Joaquín denunciou a falta o descaso das autoridades para com a vida humana, sobretudo, dos mais pobres. “Neste ano de 2020 também se escutam muitos gritos de homens e mulheres ecoando na nossa floresta, pedindo oxigênio para poder respirar, por culpa da pandemia do coronavírus COVID-19. Repete-se a história, infelizmente. Com novos atores, mas sempre com os mesmos sujeitos de morte: pobres e injustiçados da nossa sociedade. Mas, esses gritos e clamores ninguém escuta. E nem isso é possível, no meio do chamado pulmão do mundo. É a maior incoerência de todas, falta oxigênio na Amazônia. Com a chegada das fumaças, ficará ainda pior para todos. De novo, quantas vítimas indígenas, ribeirinhos, pobres e abandonados de nossos interiores continuam morrendo, pelo descaso com a vida do ser humano, pelo egoísmo, pela corrupção, pelo lucro desmedido de tantos. A vida do ser humano, principalmente, pobre, negros, indígenas, idosos não interessa aos poderosos do nosso mundo; são a massa sobrante que deve ser eliminada”, denunciou.
No final da celebração, foi lida uma carta escrita pelo bispo, na qual ele convida os fieis a não perderem a esperança. “Deixemo-nos guiar e transformar pelo Evangelho da fé, da esperança e do amor, para que renove e fortaleça o nosso espírito e, assim, poder mudar as tristezas em alegrias, as sombras de morte, em luzes de vida, os desânimos em esperanças”. A mesma carta foi lida em todas as paróquias da Diocese.
A celebração do Centenário encerrou com uma carreata, que aconteceu simultaneamente em todas as paróquias, logo após a Missa.
Breve histórico da Diocese
A Prelazia de Acre e Purus foi criada pela Bula “Ecclesie universae regimen”, do papa Bento XV, desmembrada da então Diocese de Amazonas (hoje Arquidiocese de Manaus). Foi confiada pela Santa Sé aos cuidados da Ordem dos Servos de Maria. Sua instalação aconteceu no dia 15 de agosto de 1920, com a tomada de posse do primeiro bispo prelado, dom Próspero Bernardi. Em 10 de dezembro de 1926, por Decreto da Sagrada Congregação Consistorial, passou a denominar-se Prelazia de São Peregrino Laziosi no Alto Acre e Alto Purus. No dia 15 de fevereiro de 1986, pela Bula “Cumpraelaturae Acrensis et Puruensis” do papa João Paulo II, foi elevada a Diocese, passando a denominar-se Diocese de Rio Branco. O primeiro bispo Prelado foi dom Próspero Maria Gustavo Bernardi, O.S.M. (1919-1944); segundo bispo Prelado, dom Antônio Julio Maria Mattioli, O.S.M. (1948-1962); terceiro bispo Prelado, dom Giocondo Maria Grotti, O.S.M. (1962-1971); quarto bispo Prelada e primeiro Diocesano, Dom Moacyr Grechi, O.S.M. (1972-1998); segundo e atual bispo diocesano, dom Joaquín Pertíñez Fernández, O.A.R. (1999).