A Catedral da Sé de São Paulo, mais uma vez, acolhe um culto inter-religioso em favor dos direitos humanos, da justiça e da paz. Nossa gratidão ao Sr. Arcebispo, Cardeal Dom Odilo Pedro Scherer, por abrir as portas deste templo, numa tradição que vem de seus antecessores, Dom Paulo Evaristo Arns e Dom Cláudio Hummes. Falecido no último dia 04 de julho, em São Paulo, Dom Cláudio Hummes, depois de se tornar emérito, aos 75 anos, gastou os últimos 12 anos de sua vida, como presidente da Comissão da Amazônia da CNBB, visitando todas as dioceses do Norte, na defesa dos povos indígenas, ribeirinhos, agricultores familiares – e da floresta. Ficou conhecido como “profeta da Amazônia” por seu empenho na defesa socioambiental naquela região.
O Regional Sul 1 da CNBB – composto pelas 42 dioceses do Estado de São Paulo – se une à Frente Inter-religiosa Dom Paulo Evaristo, Comissão Justiça e Paz de SP, Comissão Arns de Direitos Humanos, Instituto Vladimir Herzog, OAB-SP e outras entidades, neste Ato inter-religioso em homenagem ao indigenista Bruno Pereira e ao jornalista britânico Dom Phillips. É urgente clamar por justiça diante das sistemáticas violações dos direitos dos povos indígenas e diante da destruição ambiental da Amazônia e dos outros biomas brasileiros.
Trago, em nome do Regional Sul 1, a saudação fraterna aos irmãos e irmãs anglicanos, metodistas, pentecostais, judeus, muçulmanos, bahá’ís, budistas, kardecistas, povos tradicionais de matrizes africanas, membros da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, irmãos/as de outras religiões, além de representantes de povos indígenas, entidades de Direitos Humanos e da sociedade civil.
Minha solidariedade às Sras. Beatriz Matos, viúva de Bruno Pereira, e Alessandra Sampaio, viúva de Dom Phillips. Sentimentos de condolências à sra. Pâmela Suellen Silva, viúva do guarda municipal assassinado em Foz de Iguaçu, Marcelo Arruda. Lamento e repudio veementemente o ataque, ocorrido esses dias, no território ancestral Guapoy dos povos Guarani e Kaiowá, no Mato Grosso do Sul, numa emboscada em que mais um líder indígena foi assassinado.
No Brasil, chamam a atenção e causam indignação a escalada da violência contra os povos indígenas e tradicionais, fruto do descaso oficial, e o desmonte de políticas públicas de preservação do meio ambiente, nossa casa comum. A adoção de uma política econômica que não leva em conta o sofrimento dos pobres fez voltar a fome e o desemprego. O discurso de ódio e a apologia às armas fez crescer a violência. Sabemos que a segurança vem da educação de qualidade; através de livros e não de armas.
A Igreja católica ratifica sua opção pelos pobres e seu empenho em favor dos direitos humanos. As igrejas e as religiões anunciam uma mensagem firme de esperança. E “a esperança não decepciona”, porque Deus é amor e paz, fraternidade e solidariedade, compaixão e inclusão.
É hora de mobilizar, se necessário indo às ruas, para defender a democracia e as eleições. Com a firmeza permanente e pela não-violência ativa, estejam unidos os movimentos populares, as igrejas e grupos religiosos, as forças políticas progressistas, enfim, toda a sociedade civil, para que a civilização vença a barbárie.
O Brasil é um país de beleza e alegria, de canto e poesia, de fé e religiosidade, de trabalho e dignidade. É preciso sonhar e reconstruir nosso País, vislumbrando um horizonte mais belo e mais feliz para todos os brasileiros! Pela democracia, pela justiça social e pela paz!
Dom Pedro Luiz Stringhini
Mogi das Cruzes, 16 de julho de 2022
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